Um confronto na tarde desta quinta-feira (7) envolvendo sem-terra e policiais militares deixou feridos e mortos no acampamento Dom Tomaz Balduíno, em Quedas do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná. Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) confirmou que pelo menos dois sem-terra morreram e outros seis ficaram feridos.
Os dois lados têm versões diferentes para o conflito. Um líder do MST disse que os membros do movimento teriam sido “vítimas de emboscada”. A Sesp também fala em emboscada, porém, afirmou que os policiais foram até o local para apagar um incêndio junto com funcionários da Araupel e foram recebidos a tiros.
De acordo com a Sesp, a PM socorreu os feridos, alguns com auxílio de um helicópteros. A corporação solicitou o reforço de policiais civis e militares da região. O 6.º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Cascavel confirmou que houve o incidente, mas que ainda não tinha detalhes. O 5.º Comando Regional da Polícia Militar deve se pronunciar ainda nesta quinta.
Batalha judicial
Uma disputa envolvendo as terras da Araupel já dura 20 anos. Em 2015, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Advocacia Geral da União (AGU) entraram com uma nova ação pedindo a nulidade do título de propriedade das terras da empresa
Segundo o Incra, a ação formulada pela Procuradoria da União e proposta pela AGU é fundamentada nas concessões realizadas no período imperial e que caducaram com o passar dos anos. O Incra argumenta que a Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, ao qual o imóvel estava vinculado, não cumpriu com as obrigações e, em 1923, ocorreu a caducidade da área. “Portanto, a empresa Araupel ocupou irregularmente uma área que é de domínio da União”, disse à época o superintendente do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes.
A área reivindicada pelo Incra está ocupada por mais de três mil pessoas no acampamento Dom Tomás Balduíno. O confronto desta quinta-feira ocorreu neste local.