Um confronto na madrugada de ontem entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um grupo de cerca de 40 pessoas, no acampamento Dorcelina Folador, na localidade de Rio do Salto (a cerca de 30 km de Cascavel), deixou três pessoas feridas, sendo uma em estado grave. Os agressores, ainda não identificados, usaram pedaços de pau nas ameaças e agrediram os sem terra com chutes e socos. Tiros chegaram a ser disparados.
A Polícia Militar, que foi ao local para controlar a situação, ficou durante o dia de ontem vigiando o local, mas nenhuma confusão voltou a ocorrer. Ninguém foi preso.
O confronto aconteceu depois que os sem terra detiveram na quarta-feira dois caminhões que retiravam madeira do acampamento.
A área onde os sem terra estão acampados pertence ao complexo 4R Agropastoril, que tinha autorização para retirar madeira do local. Os caminhões acabaram sendo liberados, mas acredita-se que a ação teria sido uma resposta dos fazendeiros à retenção dos veículos.
Todos os feridos são integrantes do MST. Eles foram encaminhados ao Hospital Nossa Senhora de Salete, em Cascavel. O caso mais grave foi resultado de agressão, enquanto os outros dois foram atingidos de raspão por tiros. O sem terra agredido ainda está internado no hospital, mas não corre risco de morte.
É o segundo caso, em cerca de um mês, que grupos armados ameaçam acampamentos do MST no interior do Paraná. No início de março, em Ortigueira, região dos Campos Gerais, um grupo fez famílias de sem terra reféns por várias horas e queimou vários barracos, na fazenda Coopramil.
Os fatos que se desenrolaram após a ocasião culminaram no assassinato, no último domingo, do líder do acampamento, Eli Dallemole. O autor, segundo o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), seria um ex-integrante do grupo, que foi expulso do acampamento por estar trabalhando para o dono da fazenda. De acordo com as investigações da polícia, o assassinato teria sido motivado por vingança pessoal.
