Agenor Salgado. |
Segundo dados divulgados pela Delegacia de Homicídios, este ano, 333 pessoas foram assassinadas na capital paranaense. Destas, 38 foram mortas em confronto com policiais militares. O delegado Agenor Salgado informou que Curitiba é a capital brasileira com o maior número de mortes em confronto, atingindo 12% este ano. Em seguida, vem o Rio de Janeiro com 8%. “O número de confrontos é alto comparado com outras capitais”.
Para Salgado, isto demonstra a atuação da Polícia Militar. “Quando há muitos homens trabalhando na linha de frente o confronto torna-se natural. Quando a pessoa abordada reage a tiros é preciso revidar”, explica o policial.
Ele salientou que dos 38 casos, 36 foram encaminhados para a corporação da Polícia Militar, que abriu inquérito para apurar as circunstâncias das mortes. Segundo ele, todas as “vítimas” tinham antecedentes criminais. “Somente dois casos abrimos inquérito para apurar. Em ambos, os policiais não estavam fardados. Entendemos que quando a Polícia Militar atua à paisana não está em serviço, já que o serviço reservado foi criado para investigar a própria polícia militar e não atuar como a Polícia Civil”, frisou Salgado.
A opinião do delegado não é compartilhada com o comandante do 13.º Batalhão, José Paulo Betes. Ele salientou que todas as mortes, cujo autor é um policial militar, é aberto inquérito policial militar e o julgamento é feito pela Auditoria Militar. “A Justiça comum julga o policial somente quando ele não está de serviço”, assegurou.
Estudante
Salgado comentou que o estudante Anderson Froese de Oliveira, 18 anos, morto no sábado, foi a única vítima que não tinha passagens pela polícia. “Este fato nos chamou a atenção, além da desconfiança de familiares que algo estava errado”, argumentou o delegado. Apesar disso, o trabalho será em conjunto com a corporação e acompanhado por um promotor.
Assassinato do estudante
Cleverson Bregenski
O tenente Selmer, do 13.º Batalhão da PM, esteve na manhã de ontem na Delegacia de Homicídios para conversar com o delegado titular daquela especializada, Agenor Salgado. O oficial é quem preside o inquérito policial militar (IPM) que apura as circunstâncias em que o jovem Anderson Forese de Oliveira, 18 anos, foi morto. Segundo o tenente, o IPM já foi instaurado e os dois policiais acusados de participar da ocorrência, Nilton Hasse e Afonso Odair Konkel, permanecem prestando serviços internos no batalhão. Também foi solicitado o acompanhamento do inquérito pelo Ministério Público, no caso, por um promotor da Justiça Militar.
Até o momento, há duas versões para o fato que resultou na morte do jovem. A primeira, apresentada pela PM, é de que os policiais do serviço reservado da PM apuravam uma denúncia e quando encontraram dois jovens suspeitos, na Rua Marechal Floriano Peixoto, Parolim, foram recebidos a bala, durante a abordagem. Houve o revide por parte dos policiais e um tiro acertou a cabeça de Anderson. De acordo com informações já repassadas pelo comandante do 13.º BPM, tenente-coronel José Betes, o disparo partiu da arma do soldado Nilton Hasse. Na ocasião os policiais apreenderam um menor que estava junto com a vítima e mais duas armas: um revólver e uma pistola.
A versão conflitante é contada por colegas da vítima que o acompanhavam na fatídica madrugada do último sábado. Quatro garotos, que já prestaram depoimento na Delegacia Homicídios, contestaram a versão da PM e alegaram que não existia arma com a vítima e que Anderson recebeu um disparo à queima-roupa.
Segundo comentários, a prova que determinará definitivamente qual das duas versões é verdadeira é o exame conhecido por “luva de parafina”. Com o resultado em mãos, a polícia poderá saber se o jovem realmente atirou contra os PMs antes de ser morto. O disparo teria motivado a reação por parte da polícia, o que reafirmaria a veracidade da história contada pelos policiais militares.