Moradores da Vila Torres fecharam as duas pistas da Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres), por volta de 21h de anteontem. Uma pista foi interditada com pedras e a outra, com fogo em pedaços de madeira e placas da secretaria de obras.
O motivo da manifestação, segundo os moradores, foi abordagem feita por policiais militares a alguns moradores durante a tarde. O pedreiro Adeilson Rosa disse observava a abordagem do terreno de sua casa e foi chamado de vagabundo pelos policiais.
“Eles me humilharam na frente dos meus filhos. Queremos a polícia na vila, mas homens com educação, que saibam diferenciar as pessoas. Nem todos são bandidos ou estão envolvidos com coisas erradas”, desabafou. “Eles sempre chegam de forma agressiva, xingam, batem, e depois pedem documentos”.
O comerciante Juvenal Olímpio confirmou que, por qualquer motivo, os policiais sacam as armas e ameaçam as pessoas. “A vila mudou nos últimos tempos. A criminalidade diminuiu, e as únicas ações de violência são tomadas pelos próprios policiais, que parecem estar descontentes com a paz que estamos vivendo”, reclamou.
De acordo com o tenente Iuri Cavalli, do 20.º Batalhão da PM, a polícia não sabia o motivo do protesto. “Sempre que uma viatura chega para fazer uma abordagem na vila é apedrejada. Durante a tarde, uma viatura da área e outra do Bope (Batalhão de Operações Especiais) foram apedrejadas. Duas pessoas foram detidas por desacato”.
Negociação
Quando os policiais militares do Bope chegaram ao local do protesto, as duas pistas estavam fechadas, e muitos moradores se aglomeravam nas esquinas. “Quem não quiser problemas volte para suas casas”, gritou um PM, protegido pelo escudo e com uma arma na mão, enquanto avançava em direção a vila.
Os moradores correram, mas do meio da vila muitos fogos de artifício foram soltos em direção à tropa, que foi ganhando espaço nas vias de acesso à vila. Depois de mais de uma hora de negociação, os moradores se recolheram, os policiais voltaram para as viaturas e os bombeiros apagaram o fogo.