Condenado o policial que matou menor a quase 12 anos

Quase 12 anos após o assassinato do jovem Alexandre Miranda, 17 anos, morto em 28 de março de 1991 com um tiro na cabeça durante uma abordagem policial, o autor do disparo, investigador Luiz Fernando Simão (na época lotado no 6.º Distrito), foi condenado a 14 anos de reclusão em regime fechado, em julgamento acontecido na quarta-feira, na 1.ª Vara do Tribunal do Júri. Na mesma ocasião, os jurados entenderam que o delegado Wagner Coelho (hoje aposentado) prestou falso testemunho em plenário, o que ocasionará abertura de inquérito policial contra ele.

O caso do jovem Alexandre se assemelha a outro, ocorrido há 5 anos, em que foi vítima o estudante Rafael Rodrigo Zanella, também morto com um tiro na cabeça por policiais do 12.º Distrito, durante uma tentativa de abordagem. Nas duas situa-ções os policiais tentaram “maquiar” a cena do crime, acusando as vítimas de terem reagido à voz de prisão.

Disparo

Alexandre, embora menor de idade, havia ganho um carro de seus pais e dava carona para um ex-funcionário da empresa de sua família – a Mirandão Materiais de Construção, situada na Vila Hauer – quando os investigadores Ivo Venâncio de Brito e Luiz Fernando Simão fecharam o veículo na altura da Avenida Salgado Filho. Ambos desceram da viatura e antes mesmo de se identificar Simão atirou, matando o adolescente.

O ex-funcionário Roberto Fermino Menegotto, 52, foi preso, acusado de resistência à prisão e tentativa de homicídio. Uma semana depois foi libertado e contou como tudo aconteceu.

Os policiais alegaram na época que investigavam o envolvimento de Menegotto e da família de Alexandre com o roubo de carros. Altamiro Miranda, pai do jovem baleado, possuía um barracão nos fundos do Pinheirão, no Tarumã, que foi alugado para um indivíduo de São Paulo. A polícia teria encontrado carros roubados escondidos no barracão e dizia que os Miranda tinham ligações com quadrilheiros. A família reagiu, assegurando que jamais teve qualquer envolvimento com atividades ilícitas e nada foi comprovado contra ela.

Júri

A sessão do júri que condenou o policial civil foi presidida pelo juiz Fernando Ferreira. Na acusação atuaram o promotor Celso Ribas e como assistente o advogado Douglas Haquim Filho. A defesa esteve a cargo de Edson Abdala.

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