Comerciantes estão à mercê de assaltantes a qualquer hora do dia. Pela quarta vez, uma panificadora, no São Lourenço, foi roubada em poucos meses. Comércios no centro e uma loja de aviamentos no Juvevê são exemplos de vítimas de arrombamentos. A falta de policiamento e de apoio do poder público estão entre as principais reclamações dos empresários.

continua após a publicidade

Um dos vice-presidentes da Associação Comercial do Paraná (ACP) e coordenador das Câmaras Setoriais da instituição, Camilo Turmina, diz que são feitas reuniões frequentes com representantes das polícias Civil e Militar e de outros órgãos públicos, para aumentar segurança de lojistas. “A demanda que a polícia tem de atender é bem maior que o efetivo. A impunidade é predominante. O policiamento preventivo está cada vez mais escasso. Quem paga é a sociedade, que é onerada com os impostos e com prejuízos da violência”, declara Camilo.

Ele sugere que comerciantes e população se unam para exigir que o poder público também seja responsabilizado pelas perdas sofridas com as ações dos bandidos.

“Se o Estado é nosso sócio nas receitas, ao receber os impostos e as taxas que pagamos, também deve ser responsabilizado pelos prejuízos que sofremos com a falta de segurança”, sugere Camilo.

continua após a publicidade

Freguês

O proprietário de uma panificadora no São Lourenço, que preferiu não se identificar, conta que, ontem de manhã, seu estabelecimento foi invadido pela quarta vez, em seis meses, por bandidos armados. “Eles entram, assustam os clientes, levam o que querem e saem tranquilamente. A maioria já sabe que não vai acontecer nada, por isso nem esconde o rosto”, diz o comerciante. A solução foi deixar pouco dinheiro no local, para evitar grandes prejuízos. Desta última vez, três ladrões bem-vestidos chegaram em um Punto com alerta de furto, que foi abandonado logo depois. Nos outros assaltos, os bandidos estavam de moto. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divulga os números da violência apenas de três em três meses. No entanto, os próprios comerciantes declaram que nem sempre registram as ocorrências, porque se dizem que o trabalho investigativo da polícia e a atenção recebida deixam a desejar.

continua após a publicidade

Na opinião do vice-presidente da ACP, os empresários precisam se unir para criar um sistema próprio que ajude a garantir a segurança no comércio. “É necessário colocar mais câmeras do lado de fora das lojas, para contribuir com identificação dos bandidos, e investir em algum sistema de segurança monitorada por rua, ou por perímetro, por exemplo”, acrescenta Camilo.

Praça Osório

Comerciantes e moradores próximos à Praça Osório, no Centro, cansaram de esperar por atuação mais presente da polícia e criaram a Associação dos Moradores, Empresários e Trabalhadores do Centro de Curitiba (Assomet), no final de novembro. O presidente da entidade, Bernardo Luiz Duarte, reconhece que, em dezembro, o policiamento foi bem mais atuante, mas com o começo da Operação Verão, o caos voltou a ser como era antes.

“Só em janeiro é possível citar pelo menos 30 casos, entre tentativa e arrombamentos no comércio da região central. Além disso, a presença de usuários de crack perambulando pelas ruas, o tráfico à luz do dia e roubo a transeuntes são cada vez mais comuns”, comenta Bernardo. A Assomet conta com 70 pessoas cadastradas. “Precisamos que a polícia esteja mais presente, principalmente à noite, quando ocorrem os arrombamentos”, enfatiza. Outra reivindicação dos integrantes é o isolamento do complexo de lazer da praça, das 22h às 7h. “O espaço serve como ponto de encontro para bandidos e usuários de dro,ga”, desabafa Bernardo.