Durante assalto

Comerciante salvo por arma que falhou conta momentos de terror

Ter uma arma apontada para a cabeça e só não ser baleado porque a bala não saiu do cano não foi tão assustador para o dono de uma farmácia, na Rua Mateus Leme, no São Lourenço.

O assalto de ontem pela manhã foi o 26.º desde que o farmacêutico abriu o estabelecimento, há 23 anos. Nem a prisão do trio de bandidos deixou o profissional aliviado, que pensa em mudar de ramo por causa da violência. Depois do roubo, enquanto as vítimas tentavam se acalmar, os assaltantes pegaram o Interbairros II para tentar despistar a polícia.

O farmacêutico, que preferiu não se identificar, contou que, pouco antes das 9h, um dos assaltantes pediu vaselina à funcionária do caixa. A jovem notou algo estranho e disse que iria pegar o produto nos fundos da loja. “Ela me fez o sinal que temos entre nós, indicando que era um roubo”, disse. O marginal abriu uma bolsa, tirou o revólver e deu voz de assalto. Outro rapaz entrou na farmácia e um terceiro ficou do lado de fora. “Disse que ele poderia ficar à vontade e pegar o dinheiro no caixa. Como ainda era de manhã havia pouco dinheiro e ele reclamou”.

O bandido apontou a arma para a cabeça do dono da farmácia, pedindo mais dinheiro. “Ele atirou, mas a arma não disparou. O rapaz abriu o tambor do revólver na minha frente e o outro ladrão gritou ‘calma’ para ele”, relatou a vítima. Os marginais roubaram o dinheiro de uma cliente e fugiram.

Fuga frustrada

Na rua, roubaram um Gol vermelho e seguiram até próximo da Ópera de Arame, onde abandonaram o veículo e subiram no Interbairros II. Entretanto, testemunhas avisaram os policiais militares que estavam na perseguição. A viatura seguiu o ônibus e, perto da Rua Ignácio Gbur, no Pilarzinho, o trio desembarcou e correu.

“Dois foram para um lado e o que estava armado ficou próximo a funcionários de empresa de telefonia, tentando se passar por um deles. Tinha jogado a mochila com a arma embaixo de um automóvel, mas fomos informados das características deles e conseguimos prender os três”, explicou o soldado Eder, do 20.º BPM.

Os suspeitos Alexandro de Mattos, 34 anos, Ednei Santos, 29, e Christian Vieira, 25, foram levados até o 4.º Distrito Policial (Boa Vista), onde foram reconhecidos pelas vítimas e autuados por roubo. O Gol foi devolvido ao dono.

Proprietário da farmácia disse que dos 26 assaltos, em apenas dois os bandidos foram detidos. “Triste é saber que eles vão ficar pouco tempo na cadeia”, comentou. Ele e a esposa são farmacêuticos e pretendem partir para outra atividade. “É isso que sabemos fazer, mas não tem condições de continuar desse jeito”.