Cadê o policiamento?

Comerciante diz que trabalha atrás das grades para evitar roubo

Enquanto todo mundo elogiava o policiamento “ideal” no centro de Curitiba nos dias de Copa do Mundo, os comerciantes da região do Bacacheri, quase na divisa com o Tingui, reclamam de terem sido “esquecidos” durante o Mundial. O resultado disso, segundo eles, foi o aumento dos assaltos. Uma loja foi assaltada três vezes em 15 dias. Abaixo-assinado está sendo organizado para reivindicar a instalação de um módulo da Guarda Municipal, a fim de diminuir a sensação de insegurança.

Ivanete Ceccon Schineider tem uma loja de utensílios há quase cinco anos na Rua Eleanor Roosevelt. Ela conta que o local já tinha sido assaltado, mas com grandes intervalos de tempo. Nos últimos 15 dias, foi alvo de ladrões três vezes. A proprietária ainda não conseguiu contabilizar o prejuízo. “Levaram muitas mercadorias”, disse. A estratégia dos bandidos foi semelhante nas três vezes. “Eles entram, dão uma olhada, mostram a arma e vão espremendo a gente dentro do balcão”.

Lineu Filho
Perla ficou 7 anos em paz.

A loja já tinha câmera de segurança e as imagens foram enviadas à polícia para auxiliar nas investigações. Para tentar inibir os criminosos, Ivanete decidiu instalar mais duas câmeras e contratou um vigilante. “Resolver não resolve o problema, mas pode ser que intimide”, comentou. Durante a Copa, ela afirma não ter visto uma viatura da polícia ou da Guarda Municipal no bairro. “Os bandidos aproveitam, sabem que aqui está vazio”.

“Estreia”

Em sete anos que possui uma loja na Rua Guilherme Ihlenfeldt, Perla Lins Xavier nunca tinha sido vítima de assalto. Nas últimas duas semanas, os bandidos atacaram o comércio duas vezes. “Na primeira vez, dois entraram aqui, disseram que era assalto e levaram mercadorias. Na outra, entrou um encapuzado com um punhal e pediu o dinheiro do caixa”, contou. Agora, ela trabalha com medo. “Cada pessoa que entra na loja fico desconfiada, principalmente se está de blusa ou de mochila”. Perla pensa em mudar a rotina da loja por conta do trauma. “Antes ficava até tarde enquanto tinha movimento, mas vou pensar melhor, porque mais vale fechar mais cedo, com um pouco menos de dinheiro no caixa que passar por isso outra vez”, desabafa.

Policiamento

“A polícia circulava por aqui, mas quando começou a Copa sumiram. A Copa passou e não voltaram”, reclamou Emerson Coelho, proprietário de uma sorveteria. Apesar da insegurança após saber que vários vizinhos foram roubados, ele diz que não há o que fazer. “Não podemos nos entregar, né? Tenho que trabalhar para sobreviver”.

As grades trancadas fazem parecer que o restaurante não está funcionando, mas a dona, Elisabete Mafra, continua na labuta na cozinha. A precaução veio depois que os bandidos “frequentaram” o estabelecimento. Somente neste ano, segundo ela, já foram cerca de 10 roubos. Há duas semanas, os marginais entraram com um facão e levaram até mesmo celulares dos clientes. Ela já deixou de abrir o local à noite por medo, e pensa até mesmo em sair da área.

Módulo

O restaurante de Elisabete fica ao lado do Centro de Esportes e Lazer Avelino Vieira, onde, em fevereiro do ano passado, dois jovens foram assassinados. É neste espaço que a comunidade luta para instalar um módulo da GM. Abaixo-assinado está sendo passado a comerciantes e moradores, e já soma cerca de 120 assinaturas. O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bacacheri (Assolar), Luiz Tadeu Seidel Bernardina, considera que, como o centro reúne grande quantidade de jovens e há uma escola próxima, seria um local estratégico para a instalação do posto dos guardas.

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