A menos de uma semana do crime, os policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) identificaram e procuram por Imad Hamdar, de 54 anos. O homem é apontado pela DHPP como o autor dos disparos na Praça Osório, que mataram Andreia de Aguiar Coelho, 43, e deixaram ferido um homem, de 37. Ambos eram moradores de rua e, segundo a polícia, o crime aconteceu por ódio.
Imad já é considerado foragido. Foto: Divulgação/Polícia Civil |
Pedida prisão preventiva
Ontem à tarde, a 2.ª Vara Privativa do Tribunal do Júri decretou a prisão preventiva do empresário. O Ministério Público do Paraná, através do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos (CAOPJDH), acompanha esse e outros registros de violência e discriminação contra pessoas em situação de rua na capital.
Casal discutiu com o empresário
De acordo com as investigações, o casal estava deitado quando se envolveu em uma discussão com Imad. Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança, inclusive o momento dos disparos. O suspeito vai ser indiciado por homicídio e tentativa de homicídio e, se condenado, pode pegar até 30 anos de prisão.
Nas imagens, é possível ver o momento em que Imad chega, acompanhado de outro homem, e discute com os dois moradores de rua, que estavam deitados em um canto da praça. Ele aponta para os dois e sai. De acordo com o depoimento do homem que estava com Andreia, mas sobreviveu, Imad teria dito que voltaria armado.
“Menos de 10 minutos depois, ele volta sozinho e armado. Sem dizer nada, o homem atira várias vezes visivelmente com o intuito de mata-los”, disse o delegado Renato Coelho. A mulher foi atingida na veia femoral e morreu na hora. O companheiro foi baleado no braço.
Câmeras de segurança
Os equipamentos de segurança de prédios da Praça Osório foram importantíssimos para as investigações. Depois de um trabalho minucioso da equipe de investigação, os policiais chegaram às imagens que mostram a ação toda e conseguiram identificar Imad.
Segundo o delegado, o homem mora em um prédio na praça e é pai de um comerciante da região. Na manhã desta sexta-feira (1), equipes procuravam pelo homem, que fugiu logo depois do crime e já é considerado foragido. Uma operação foi montada e foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa e no estabelecimento comercial de Imad.
Na residência, os policiais apreenderam um simulacro de arma de fogo e duas máquinas de choque. “Não sabemos ao certo se eram do homem, mas estavam na casa e recolhemos. Isso apenas vem a demonstrar que são ferramentas usadas para amedrontar e elas podem ter sido usadas para ameaçar moradores de rua também”, explicou o delegado.
Na casa do suspeito, foram encontrados um simulacro de arma |
Intolerância
Para a polícia, a motivação do crime já é clara o suficiente para afirmar que se trata de intolerância, pelo fato de Imad se incomodar com os moradores de rua. “O que a ví,;tima nos disse é que ele chegou, disse que os dois estavam incomodando os moradores e comerciantes da praça e que ele voltaria para resolver isso”, disse Renato Coelho.
Segundo o delegado, o inquérito vai comprovar que o autor do crime, após discutir e avisar que voltaria, foi até o apartamento, se armou e voltou para a praça onde efetuou os disparos. “Após atirar, muito tranquilamente, ele foi para a casa e fugiu, provavelmente, da cidade”.
Imad, conforme informou a DHPP, já era uma pessoa que tinha registros de lesões corporais com a Polícia Civil. “Soubemos durante as investigações que ele se incomodava com moradores de rua, mas até onde as investigações mostram, ele era um homem intolerante e agressivo com qualquer pessoa que viesse a discutir com ele”, explicou Renato Coelho.
A partir de agora, os policiais buscam apurar quem foram as vítimas anteriores de Imad. “O que sabemos até agora é que, pelas imagens e por tudo que está sendo apurado, não há outra motivação a não ser um crime de intolerância. Vale ressaltar que foi algo isolado, de uma pessoa que se incomodava com os moradores de rua”, disse o delegado, ressaltando não existir a possibilidade da existência de um grupo de extermínio.
A família de Imad colaborou com as investigações e, segundo Renato Coelho, está assustada com o que aconteceu. “Eles estão em choque, não aceitam a conduta”. A arma de fogo usada no crime ainda não foi encontrada. “Tão logo seja apreendida, será encaminhada para a perícia no Instituto de Criminalística, para comprovarmos os fatos através do exame de balística”.
Informações a respeito do paradeiro de Imad Hamdar, ou até mesmo detalhes que possam ajudar nas investigações, podem ser passadas através do disque-denúncia da DHPP. O telefone é o 0800-6431-121 e a ligação, além de ser gratuita, pode ser feita de forma anônima.
Policiais fizeram buscas em dois locais nesta sexta-feira. Foto: Colaboração. |