Insatisfação da tropa pela falta de recursos e pagamento correto de salários, tráfico de drogas crescente e insatisfação da população em relação à polícia. O comandante da Polícia Militar, coronel Cesar Vinicius Kogut, há duas semanas no cargo, tem muitos desafios pela frente. Em entrevista ao Paraná Online, ele falou dos problemas e das metas e sobre o que pretende fazer para amenizar as dificuldades estruturais da tropa.
Torcedor fanático do Coritiba, ele contou que adora ir ao campo e ficar na arquibancada, o mais próximo possível de um dos bandeirinhas, em vez de ficar nas cadeiras como os outros coronéis. Ele aparenta ser mais acessível. É visto caminhando pelo quartel, conversando com a tropa.
Em vez de criar novos batalhões, ele prefere colocar mais policiais nas ruas. O objetivo inicial do coronel Kogut é enxugar a parte “burocrática” para atender a população com policiais satisfeitos.
Paraná Online – Como tem sido a responsabilidade de comandar a Polícia Militar?
Kogut – O expediente começa às 7h30 e termina às 22h. Temos feito muitas reuniões para otimizar recursos e retirar projetos que não são prioritários. Estamos ajustando os comandantes de algumas unidades operacionais e queremos conversar mais com a tropa, para ver a necessidade dela. Nossa tropa é excelente. Queremos mais gente na rua e o pessoal mais motivado. Temos que ter o mínimo de recursos para funcionarmos bem e não podemos pensar em crescer fora da capacidade do Estado.
Paraná Online – Quais são as mudanças já previstas no novo comando?
Kogut – Em unidades no interior, tínhamos majores respondendo a funções de tenente-coronel. Estamos resolvendo isso. Semana que vem teremos a troca de comando em Cascavel, o coronel Nerino, que era do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), assumirá Maringá, e o tenente-coronel Ota, que estava no serviço de inteligência, assumirá Foz do Iguaçu. Em Curitiba, já fizemos a troca de comando no 13.º Batalhão. O objetivo é que a comunidade sinta que a PM está mais presente. Fizemos uma grande operação semana passada em Curitiba que já deu uma resposta com relação aos crimes na Vila Torres.
Paraná Online – Como será feito o combate ao tráfico de drogas?
Aliocha Mauricio |
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“Queremos mais PMs nas ruas”. |
Kogut – Além do serviço de inteligência, rotineiramente prendendo os pequenos traficantes e trabalhamos em conjunto com a Polícia Federal no combate ao maior traficante. Queremos também manter o trabalho afinado com a Polícia Civil. O combate ao tráfico é meta do governo do estado.
Paraná Online – O que já foi feito para resolver os problemas estruturais da corporação?
Kogut – O problema da alimentação que faltava em alguns quartéis praticamente já foi resolvida. De todas as unidades do Paraná, há três ou quatro pendentes no processo licitatório, mas estão sendo feitos os pagamentos. No máximo esta semana, o problema será solucionado. Sobre a falta de combustível, repasse de pagamento resolveu o problema esta semana. Combustível não faltou, o abastecimento é que estava sendo feito um pouco mais longe.
Paraná Online – Sobre as promoções dos policiais militares que ainda estão pendentes?
Kogut – Estamos negociando com o governo do estado várias questões de promoções, em todos os níveis, dos recrutas aos oficiais. Nós sabemos que o Es,tado tem certa preocupação com relação ao limite prudencial e responsabilidade fiscal. Há cabos promovidos ano passado que ainda não receberam o valor da nova patente e oficiais indicados para promoção em cinco reuniões que ainda não foram promovidos. O governador Beto Richa sabe desta pendência, ele quer solucioná-la. Tão logo seja possível, as promoções serão pagas.
Paraná Online – A população tem reclamado muito de algumas Unidades Paraná Seguro, onde a violência continua?
Kogut – A maioria está funcionando muito bem, como a UPS de Londrina. Em outras, onde a criminalidade não foi contida ao nível que deveria ser, nós já estamos direcionando recursos. As UPSs que estiverem um pouco deficitárias, como a do Tatuquara, serão consertadas para atingir o mesmo objetivo das outras. Vão chegar também módulos móveis para aquelas regiões onde a comunidade é menor e não há a necessidade de implantar uma UPS, já que, em um tempo reduzido, é possível resolver o problema de segurança nestes lugares.
Vão se apresentar na segunda-feira, 2.223 aprovados para policiais militares e 219 para bombeiros. Eles passarão pela Academia de Polícia e devem estar nas ruas em agosto ou setembro do ano que vem. A criminalidade é dinâmica, um ano para segurança pública é muito tempo.
Paraná Online – O que espera poder dizer quando sair do cargo?
Kogut – Quero ser bem recebido pela tropa onde eu for. Quando me aposentar, vou morar em Londrina. Nasci em Curitiba, minha família é daqui, mas moro lá desde 1986. Quero andar por lá e ser bem recebido, não só pelos policiais, mas também pela comunidade. Ser reconhecido por ter feito algo, por ter ajudado. Estamos fazendo revisão administrativa para não inchar a máquina e fazer com que a tropa tenha sensação de bem-estar e tranqüilidade para trabalhar.