Enquanto os filhos estão na escola, os pais supostamente deveriam ficar tranqüilos. Mas não é o que vem acontecendo com o Colégio Estadual Nilo Brandão, no bairro Cajuru em Curitiba, onde, ali mesmo eles estão sendo assaltados. O principal problema é que o estabelecimento de ensino é cercado por telas de arame – que já foram danificadas diversas vezes -, que deixam as crianças expostas. Os pais ameaçam fechar o colégio se um muro de concreto não for construído.
A mãe do aluno Endory, de 12 anos, Michele Gonçalves, conta que o filho ficou apavorado e não queria mais voltar para a escola depois de quase ter o par de tênis levado por um assaltante, quando participava da aula de Educação Física, no pátio da escola. Endory já havia entregue um tênis quando a professora da disciplina interveio e o bandido fugiu. "O ladrão entrou na escola e apontou para outros marginais que estavam fora, garantindo que eles estavam armados, e poderiam atiram se ele não entregasse o tênis. A professora acabou batendo no ladrão para proteger meu filho", lembra Michele.
Por não ter dinheiro na carteira, o filho de Irene Sobanski acabou apanhando em frente ao colégio, por volta das 7h15. "Ele estava indo para aula e um grupo de marginais o cercou praticamente na porta da escola", contou. Com duas filhas estudando no colégio, Sandra Regina teme pela segurança das meninas, pois como o estabelecimento não possui um muro, o acesso de pessoas de fora acaba sendo facilitado. "Eu temo pela segurança e integridade delas, pois qualquer um pode entrar aqui, passar drogas ou fazer algo pior com as meninas", disse.
O colégio abriga 1,2 mil alunos em dois turnos, e a diretora Maria Augusta Pereira da Silva afirma que as aulas noturnas foram suspensas devido à falta de segurança. Segundo ela, a Secretaria Estadual de Educação está ciente do problema, pois até um abaixo-assinado foi entregue no início de 2004 reivindicando a obra. "Mas o argumento é que não tem recurso", disse. À frente da direção há 11 anos, Maria Augusta conta que a escola sempre teve problemas, mas agora a situação está ficando insuportável. A diretora comenta que, quando a Polícia Militar é chamada, o atendimento é demorado e, agora, nenhum dos marginais que rondam a escola foi preso.
Licitação
A presidente do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná (Fundepar), da Secretaria de Educação do Paraná, Sandra Turra, afirmou que a única solução para o problema é mesmo a construção do muro de alvenaria. Porém, para que isso seja feito, há a necessidade de uma licitação da obra. Segundo ela, no ano passado o projeto foi orçado em R$ 107 mil, mas os valores precisam ser atualizados antes da concorrência, e não existe prazo para isso acontecer.
Já o coordenador estadual operacional da Patrulha Escolar Comunitária, capitão Vanderley Rothenburg, disse que a Polícia Militar sempre atendeu a todos as solicitações da escola, mas que infelizmente não tem condições de colocar uma viatura em frente ao colégio, como desejam os pais. "Dentro do projeto, cada viatura atende entre oito a 12 escolas", falou. O capitão disse que reconhece a estrutura deficitária do estabelecimento, e que na medida do possível, vem intensificando os trabalhos de policiamento na região.