Não fosse a ajuda providencial de sua mãe, o cobrador de ônibus Sidnei de Araújo Ferreira, 27 anos, o “Cidão”, teria sido a vítima do assassinato ocorrido em 22 de agosto, na Rua Dona Nenê, Atuba. Ao menos é esta a história contada por ele, que se apresentou ontem de manhã, à Delegacia de Homicídios. Sidnei revelou ter matado o homem que o infernizava – o fugitivo Odair de Deus Silva, 34 anos – para não morrer.
Após separar-se da ex-mulher, Sidnei teve que dividir com ela um terreno na Vila Esperança, Atuba. Pouco depois ela amasiou-se com Odair, que estaria usando a residência para guardar carros de origem suspeita. O cobrador tirou satisfações e começou uma rixa entre os dois.
Sidnei contou à polícia que Odair atirava em sua direção quando o via passar na rua. Assustado, o cobrador abandonou a residência e mudou-se para a casa da mãe, no mesmo bairro, mas nem assim a intriga se encerrou. Quando retornou ao antigo lar, na Vila Esperança, e ainda jogou rodas e bancos de carro dali para a rua, foi jurado de morte pelo inimigo.
A ameaça iria se concretizar na tarde de 22 de agosto. Sidnei estava na casa da mãe, no Atuba, quando Odair apareceu, arrombando a porta a pontapés. O invasor engatilhou o revólver na cabeça do desafeto. “Não falei que você ia morrer?”, teria dito. Já se sentindo próximo do fim, Sidnei foi arrastado até a porta. Mas aí chegou a salvação: com uma panela de pressão nas mãos, a mãe dele acertou a cabeça do invasor. Odair “bobeou” e Sidnei tonou-lhe a arma. O fugitivo da Justiça foi morto na rua, com um tiro nas costas.
O delegado Átila Roesler, da Homicídios, disse que a versão apresentada por Sidnei parece verdadeira. “Ainda estamos investigando. Mas ele era trabalhador e não tinha passagem pela polícia, ao contrário da vítima”, falou o delegado. O homem morto, que usava o nome falso de Odair Coelho dos Santos Silva, respondeu inquéritos por tentativa de homicídio, assalto, porte ilegal de arma, formação de quadrilha, corrupção de menores, estelionato e direção perigosa. O cobrador de ônibus vai aguardar o julgamento em liberdade.