Cobrador de ônibus sofre quatro assaltos em três dias na capital

O jogo de empurra e o descaso da polícia fez com um cobrador de ônibus sofresse o quarto roubo em apenas três dias, na estação-tubo Wenceslau Brás, situada na avenida do mesmo nome, no Novo Mundo.

 Ao ver os marginais, ele acionou a Polícia Militar, que o orientou a telefonar para a Polícia Civil, que, por sua vez, disse que era trabalho da Polícia Militar. Ao telefonar novamente, o cobrador obteve a resposta: ?Só podemos ir depois que eles assaltarem?. Assim que desligou o telefone, os dois marginais chegaram, armados com pistolas e roubaram cerca de R$ 120,00. Só então, a Polícia Militar esteve no local para registrar o boletim de ocorrência. Os dois bandidos já estavam longe.

O cobrador, de 32 anos, que prefere não ser identificado, disse que na segunda-feira foi vítima de roubo. Dois indivíduos de bicicleta chegaram armados e levaram o dinheiro das passagens, por volta das 20h30. Em seguida, pediram o celular. Ao responder que o celular era dele, um dos ladrões falou para o comparsa: ?deixa o celular?, e foram embora.

Na terça-feira, dois rapazes de bicicleta, armados com duas pistolas, assaltaram a estação-tubo e também pediram o celular, às 22h45. Só que como quase tinha perdido o aparelho a noite anterior, o cobrador estava sem o telefone. Porém, antes de irem embora, um deles avisou: ?Voltamos amanhã?.

Uma hora depois, outro homem encostou uma bicicleta ao lado da estação-tubo e anunciou mais um roubo. Porém, foi avisado que assaltantes tinham passado há pouco por ali, com duas pistolas maiores do que a que ele carregava. Irritado, o jovem pegou a bicicleta e falou: ?Vou atrás deles?.

Por volta das 22h45 de quarta-feira, o mesmo cobrador estava na estação-tubo, quando viu os mesmos jovens que haviam prometido voltar e tentou impedir o assalto. Porém, nenhuma viatura foi atendê-lo. ?A polícia diz que só tem uma viatura para atender o bairro inteiro. Eles falam que tem que dar prioridade para o mais grave?, lamentou.

Os cobradores que trabalham nas estações-tubos da Avenida Wenceslau Brás estão assustados e todos têm histórias para contar. Na semana passada foram 20 assaltos. Sozinhos, já que no horário noturno, o número de passageiros é pequeno, eles só contam com a sorte. E precisam dela, porque o dinheiro levado pelos marginais é descontado do salário, segundo os próprios cobradores. Além disso, precisam rezar para não perderem a vida também.

Segundo as vítimas, os cofres boca-de-lobo, instalados para evitar assaltos, de nada adiantam. Como sabem que é o próprio cobrador que aciona o dispositivo, que leva em média meia hora para abrir, eles não se incomodam em esperar. Ficam do lado do cobrador até que a própria máquina dá o sinal que está aberta. Depois, fogem de bicicleta, tranqüilamente.

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