Chuva de balas na Vila das Torres

Uma "chuva de balas" esquentou a noite fria de quinta-feira na Vila das Torres, Prado Velho. Três pessoas foram mortas e uma ferida. Renan Richard de Souza, 14 anos, e Nelson dos Santos, 27 anos, morreram na hora e Dênis Cordeiro Martins, 17 anos, e Rafael Marqueti, 24, foram socorridos pelo Siate. Dênis foi encaminhado ao Hospital Cajuru, onde foi submetido a cirurgia de emergência, mas não resistiu aos ferimentos e morreu à 1h10 de ontem. Atingido por um disparo no peito e pelo menos seis nas pernas, Rafael foi levado ao Hospital do Trabalhador, onde permanecia internado até a tarde de ontem. Eram 22h, quando moradores ouviram vários disparos. De acordo com testemunhas, um grupo de rapazes teria se aproximado dos jovens, que estavam nas margens do Rio Belém, com armas em punho. Ao ver os criminosos, Renan e Dênis tentaram escapar. Renan correu por aproximadamente cem metros, mas foi atingido por um disparo no peito e tombou morto dentro da garagem de uma casa, na Rua Dorival Almir Zagonel.

Dênis foi um pouco mais longe, mas topou com outro criminoso. Armado com uma pedra, o marginal desferiu vários golpes na cabeça do adolescente. Rafael, que estava junto com os garotos, mas é desconhecido na vila, caiu baleado na beira do rio, e foi atendido pelos socorristas do Siate, que, ainda entre o tiroteio, chamaram apoio da Policia Militar. Alguns policiais que trabalhavam na "Operação Travesti", na Rua Piquiri, ouviram o pedido pelo rádio e foram ajudar os socorristas.

Uma mulher, que não quis se identificar desabafou: "A vila é terra de niguém, não há paz. Moro aqui há mais de 40 anos, às vezes até penso em me mudar, mas nem tenho para onde ir", disse.

Investigações

O delegado Jaime da Silva Luz disse não poder afirmar se os adolescentes foram mortos devido à disputa pelo tráfico de drogas, apesar de no local ser comum assassinatos ocorrerem por este motivo. "Ainda é cedo para apurarmos o motivo. Vamos começar a ouvir familiares, amigos das vítimas para apurarmos detalhes sobre o modo de vida dos garotos", explicou o delegado.

Menos de meia hora depois…

Quando os moradores acharam que tudo voltara ao normal, do outro lado da vila, na continuação da Rua Chile, esquina com a Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres), Nelson dos Santos foi morto, baleado no peito e acertado na face com uma pedra, pouco depois de 20 minutos da primeira situação.

O irmão da vítima estava no local e afirmou que já havia avisado Nelson que seu fim seria trágico caso não largasse o vício das drogas. "Ele devia muito e pagou com a vida", lamentou.

O delegado Jaime da Luz informou que, aparentemente, esse crime não tem ligação com a morte dos adolescentes, mas não descartou a possibilidade. "Conversamos com familiares e amigos de Nelson, que nos informaram que ele já teria cometido furtos e estava envolvido com drogas. Na realidade um crime é conseqüência do outro", comentou o delegado. Ele acredita que a execução de Nelson pode estar relacionada com o tráfico de drogas.

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