A eleição para a presidência do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), marcada para quinta-feira, continua alimentando rede de intrigas, denúncias e ameaças, que deverão ser esclarecidas pela polícia.

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Ontem, o candidato à presidência pela chapa 1 (situação), Valdecir Bolette, e o advogado da entidade, Valdenir Dias, repudiaram as acusações e insinuações de desvio de verbas e outras irregularidades, feitas pelo candidato à presidência pela chapa 2, Anderson Teixeira. Domingo, Anderson afirmou ter sofrido atentado à bala, quando chegava em casa.

Valdecir, acompanhado pelo advogado da chapa, Jefferson Augusto de Paula, negou qualquer ilegalidade no sindicato, assegurando que não há envolvimento de seus correligionários no suposto atentado sofrido pelo concorrente.

Ele também se referiu às gravações de conversa que manteve com Alcir Teixeira, o “Zico”, pai de Anderson e secretário da entidade morto a tiros no ano passado e de uma reunião acontecida na sede do sindicato (em 2004), em que discutiam a necessidade de padronizar os pagamentos dos funcionários.

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“Até agora não tivemos acesso a estas gravações, mas pelo que ouvi em um programa de TV, foram conversas normais, sem nenhuma falcatrua, e que serviram para acertar os pagamentos dos empregados do Sindimoc que tinham salários diferentes. Quando tivermos cópia das gravações, tudo será devidamente explicado”, afirmou.

Irritação

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Valdecir, Dias e o atual presidente Denílson Pires, foram detidos em 31 de agosto pelo Gaeco (grupo de investigação do Ministério Público), acusados de desvio de dinheiro e suposto envolvimento na morte de “Zico” e de outro presidente da entidade, o “Tigrinho”, assassinado a tiros há dez anos, em Itapoá (SC).

E ainda de uma suposta trama para matar Marcelo Villatore, da chapa rival. Três dias depois eles foram liberados sem que fossem denunciados ou processados. A prisão, que causou revolta nos sindicalistas, teria sido provocada por denúncia feita ao Ministério Público do Trabalho, pelo diretor José Paulo Bonfim.

Em 15 de setembro, Bonfim voltou atrás e registrou documento em cartório, afirmando que foi “usado” por Anderson, por Dino César e por Marcelo (todos da chapa 2), para dizer ao MP do Trabalho que iriam assassinar Villatore para incriminar a atual diretoria do Sindimoc.

Registrou também que tentou ser ouvido novamente pela promotora Margarete Matos, para fazer o desmentido, mas que ela se recusou a anexar sua declaração nos autos.

Irregularidades

“Tudo isso é uma grande armação, um monte de mentiras contra nós”, reclamou Dias, que há 20 anos advoga pelo Sindimoc. De acordo com o advogado, a chapa 2 apresenta 36 irregularidades, além de o candidato à presidência não ser motorista ou cobrador de carreira, como manda o estatuto.

“A chapa foi impugnada e só está concorrendo à eleição por liminar. Mas o julgamento do mérito acontecerá em março do ano que vem. Mesmo que venha a ganhar a eleição, pode não levar”, comentou Dias.

Passado

Ainda pesa contra Anderson, que é ex-policial militar, o cumprimento de pena de 5 anos e 4 meses de reclusão, por assalto praticado em 1999, quando envergava a farda da PM.

Ele e mais três policiais teriam assaltado a casa do dono de um guincho, em Palmeiras, nos Campos Gerais. Anderson diz que não praticou o crime, que foi injustiçado e só sofreu a condenação, porque não tinha um bom advogado. Já o Sindimoc garante que pagou advogado para ele (por ser filho de um sindicalista) e que sua defesa foi muito boa, caso contrário teria sido condenado a pena maior.