O assassinato de Giovana dos Reis Costa, 9 anos, transformou-se em um intrincado quebra-cabeça, e cada peça que surge leva a polícia a ter ainda mais certeza de que o assassino é morador do mesmo bairro que a menina. Ontem, as roupas que Giovana vestia quando desapareceu foram encontradas num terreno baldio, nos fundos da casa dela. O local fica a menos de duas quadras de onde o corpo foi abandonado, também no Jardim Patrícia, em Quatro Barras.
A delegada do município, Margarete Alferes Motta, foi até a Rua Ângelo Floriano Ribeiro cumprir mandados de busca e apreensão em algumas residências. Ao caminhar pelo terreno baldio, rente ao muro que faz divisa com a casa de uma cartomante, ela avistou uma sacola de um supermercado da região com a camiseta, calça, calcinha e sandálias de Giovana.
O terreno foi roçado na sexta-feira por uma máquina. Os peritos criminais que estiveram no local acreditam que as roupas tenham sido jogadas antes deste dia, uma vez que há indícios de que o trator passou sobre a sacola.
O fato de a embalagem ser de um supermercado da região, e do terreno estar próximo à casa da menina e do local onde ela foi encontrada, só confirmam a hipótese de que o assassino é morador da região.
Cautela
Depois que as roupas foram achadas ao lado da casa da cartomante, os policiais do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) foram chamados e a polícia entrou na casa da mulher, que está viajando com o filho e a nora, desde a última terça-feira. Lá os investigadores não encontraram evidências concretas que incriminem a moradora, mas recolheram um colchão, um tapete e algumas peças de roupa que estavam na máquina de lavar. "Os objetos foram mandados para a perícia, que vai verificar se há algum vestígio de sangue. Estamos tentando identificar a cartomante, pois ela é moradora nova na região e não tinha amigos aqui. É muito precoce fazer qualquer julgamento", disse Margarete.
A população de Quatro Barras ameaçou linchar a moradora quando ela aparecesse, e a delegada teme que a revolta dos vizinhos prejudique inocentes. "Tem muito boato e fofoca, pois a população quer uma resposta rápida e está indicando várias pessoas que não têm qualquer envolvimento com o crime. Temos que ser cautelosos, pois uma suspeita errada pode prejudicar a vida de um inocente", finalizou a delegada.
Lei quer proibir crianças de vender rifas
Marcio Barros
O caso Giovana serviu para alertar a população sobre os cuidados que devem ser tomados quanto à segurança de crianças e adolescentes. Vereadores de Quatro Barras criaram a lei que proíbe escolas, igrejas e associações de envolverem crianças e adolescentes na angariação de prendas e venda de rifas. Esta ação, segundo o texto da lei, pode ser considerada de risco ou caracterizada como trabalho infantil.
Na noite de ontem, em sessão plenária na Câmara de Quatro Barras, a procuradora do Ministério Público, Margaret de Mattos Carvalho, discutiu a questão e apresentou algumas alteração no texto da proposta de lei.
Segundo ela, é fundamental que o assunto seja discutido, principalmente para esclarecer a população do que é trabalho infantil. "Não cabe à família arcar pela falta de estrutura do sistema educacional. Logicamente, a criança vai ficar motivada em vender a rifa, ou angariar prendas ou qualquer coisa do gênero, seja por questão financeira ou apenas pela projeção. Os pais devem observar no que esse tipo de atividade pode acrescentar na questão pedagógica", explica.