Cenas fortes no 3.º dia do julgamento do caso Evandro

O terceiro dia do julgamento dos réus Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofolini – acusados da morte de Evandro Ramos Caetano, 6 anos, em 1992 – foi marcado pela transmissão de várias fitas de vídeo, que compreendem desde o interrogatório dos acusados até reportagens da época e supostas cenas de tortura. A primeira fita veiculada foi solicitada pelo Ministério Público, cujas imagens chocaram tanto os jurados quanto os populares que acompanhavam o júri.

As cenas fortes foram dos legistas manipulando o suposto corpo de Evandro, em estado avançado de decomposição, com as mãos decepadas e sem as vísceras. Em meio às moscas, os legistas aparecem cortando a pele ao redor da boca e serrando os ossos do cadáver para a retirada da arcada dentária. "O Ministério Publico é masoquista. Eles mostram essas imagens para chocar", alegam os advogados dos réus.

Os advogados de Bardelli, Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida, e de Cristofolini, Haroldo César Náter, fizeram questão de transmitir a fita em que Beatriz e Celina Abagge, acusadas de serem mentoras do crime, aparecem confessando o assassinato, segundo eles, mediante tortura. "Existia alguém que perguntava a elas e respondia, ordenando que ambas repetissem a resposta. A perícia comprovou esta terceira voz e, por isso, vamos mostrar que mãe e filha foram obrigadas a confessar", disse Náter. A defesa trabalha com a negativa de autoria.

Segundo Matheus, há possibilidades desta voz ser de Valdir Copetti Neves, na época capitão e hoje tenente-coronel, preso por envolvimento num grupo de milícia armada que agia em Ponta Grossa. "Se necessário, vamos pedir, em caráter de urgência, que a voz que será colhida durante o interrogatório dele (uma vez que ele foi arrolado como testemunha de defesa e acusação) seja confrontada com a da fita", disse Matheus.

Dependendo da decisão do juíz Rogério Hertz, que preside o julgamento, hoje o corpo de jurados poderá ir até Guaratuba para conhecer a serraria das Abagge, onde Evandro teria sido morto num suposto ritual de magia negra, em abril de 1992. Amanhã, as testemunhas devem começar a ser ouvidas. Duas presenças bastante esperadas são as do tenente-coronel Neves, acusado de torturar os réus, e de Diógenes Caetano Santos Filho, tio da vítima e ex-amante de Celina Abagge. Ele é apontado pela defesa como o fio condutor de toda a trama, uma vez que além da questão amorosa, divergia de Aldo Abagge por questões políticas. "Ele será desmascarado em plenário. Diógenes é o grande guru da acusação, um araponga, um messiânico", sentencia Matheus.

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