Átila Alberti/Arquivo
Pero e Vera continuam presos.

A juíza Paula Priscila Candeo, de Campina Grande do Sul, revogou ontem a apreensão da adolescente de 16 anos, acusada de participar do assassinato de Giovanna dos Reis Costa, 9 anos, ocorrido em abril do ano passado. Ela e o pai, Renato Michel, estão soltos, mas os outros dois acusados, Vera Petrovitch e Pero Petrovitch, continuam presos.

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Encerrada a fase do interrogatório das testemunhas de acusação, começa, na próxima segunda-feira, o das testemunhas de defesa. Serão 24 – em média seis para cada acusado. Para a primeira audiência, o advogado Cláudio Dalledone arrolou quatro testemunhas. Será ouvido um médico-legista especialista em determinação da hora da morte, que estudou as fotos do corpo, os laudos e os exames de necropsia. ?Este médico garante que o crime teve natureza sexual pelas lesões apresentadas na vagina. Ele também afirma que não foi extraído sangue do corpo da menina. Isso faz cair por terra a dedução de crime de magia negra?, garante o advogado.

A adolescente, ex-mulher de Pero, a mãe dela e a madrasta, que estavam na casa dos Petrovitch no dia em que supostamente os ciganos teriam assassinado Giovanna, também serão ouvidas. As 20 testemunhas falarão em juízo em outras quatro audiências, que acontecerão ao longo do segundo semestre. ?Acredito que essas oitivas só terminarão no final do ano?, disse o promotor Octacílio Sacerte Filho. Só depois a juíza decidirá se os acusados irão a júri popular.

Laudos são inconclusivos

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Para a promotoria, os depoimentos das testemunhas, aliados às investigações feitas pela polícia ao longo de um ano, serão os componentes necessários para levar os acusados a júri popular. Entretanto, a favor da defesa está a ausência das provas materiais.

Somente com exames de DNA, que poderiam comprovar se os fios de cabelos e sangue encontrados em objetos dos acusados eram de Giovanna, o Instituto de Criminalística gastou R$ 20 mil. O perito criminal Hermerson Berttassoni Alves, do laboratório de genética, analisou todas as amostras de fios de cabelos encontrados no ralo do banheiro e em vassouras dos Petrovitch. ?Somente nos fios, fiz mais de 38 repetições de exames, na tentativa de encontrar a molécula de DNA. Porém, as amostras estavam em locais úmidos e provavelmente tiveram contato com produtos químicos, como de limpeza. Esses fatores degradaram o código genético dos fios?, disse o perito.

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O líquido encontrado em uma garrafa, que se deduzia ser sangue humano, também foi analisado. Nele, o perito fez 12 repetições e mais uma vez não conseguiu extrair o DNA, isto é, não foi possível saber se era ou não sangue humano.

Outro indício que seria considerado chave para a elucidação do caso foi por terra. No carro dos acusados, a perícia passou um produto chamado luminol, que causa fluorescência em contato com o sangue humano. O produto reagiu na maçaneta, no câmbio e no painel do carro. As amostras microscópicas foram coletadas e, mais uma vez, não foi possível extrair o DNA delas. ?O luminol pode ter dado um falso positivo, uma vez que ele reage com outras substâncias, como alvejantes?, disse o perito.

Para Bertassoni, os resultados inconclusivos não aconteceram por falta de tecnologia ou profissionalismo. ?O Instituto de Criminalística do Paraná é um dos laboratórios de referência da América Latina. Fizemos tudo o que foi possível?, finalizou.