Apesar de contestações do Ministério Público, Celina Abagge e sua filha – Beatriz Abagge – devem voltar ao Tribunal do Júri, no mês que vem. Desta vez elas foram arroladas como testemunhas no julgamento de Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofolini, que sentam no banco dos réus no dia 16 de junho. Os dois réus, Celina e Beatriz – e outros três homens já condenados em abril do ano passado – são acusadas de assassinar o garotinho Evandro Ramos Caetano, 6 anos, em um ritual de magia negra, em Guaratuba, em abril de 1992.
O pedido para que mãe e filha prestassem depoimento foi feito pelos advogados Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida e Aroldo César Nater, que defendem Bardelli e Cristofolini, respectivamente. O que não agradou a promotora Lúcia Inez Giacomitti, que alegou não ser necessário ouvir as Abagge, que também são rés no processo, porque as duas foram ouvidas no julgamento que condenou o pai-de-santo Osvaldo Marcineiro, 43; o pintor Vicente de Paula Ferreira, 54, e o artesão Davi dos Santos, 42. A promotora justificou que existe fita de vídeo gravada do depoimento das Abagge. Apesar das contestações do Ministério Público, o juiz Rogério Etzel frisou que não pode impugnar o pedido da defesa.
O advogado Matheus Gabriel salientou que não dispensa o depoimento das mulheres, que alegam que foram torturadas e violentadas para confessar o delito. Na época, as investigações foram comandadas pelo coronel Valdir Copetti Neves, que recentemente foi preso sob acusação de tortura, entre outros crimes, praticados contra semterras. Neves foi arrolado pela defesa e pelo Ministério Público.