O promotor Walber Alexandre de Souza, da Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público, foi designado ontem, pelo Ministério Público Estadual, para investigar a procedência dos dólares que o ex-superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião de Mello e Silva, guardava em seu apartamento até meados do ano passado.
Por duas vezes intimado pela Justiça, para explicar a origem do dinheiro, Eduardo Requião ignorou as intimações e até agora não apresentou documentos que comprovem a compra do dinheiro americano de forma legal nem forneceu qualquer explicação sobre a quantia.
Dificilmente alguém iria descobrir que Eduardo Requião guardava uma mala com dólares em um compartimento secreto de seu guarda-roupa, caso ele mesmo não tivesse se “denunciado” ao registrar queixa no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), acusando sua doméstica de furtar 180 mil dólares da residência. A polícia investigou a denúncia e descobriu que a empregada tinha tido rápida evolução patrimonial, sem que tivesse ganhado legalmente dinheiro para isso.
Penas
A mulher confessou o furto, disse estar arrependida e devolveu ao ex-patrão todos os bens que havia comprado. Denunciada pelo Ministério Público, por furto qualificado, a doméstica responde ao processo em liberdade.
Como ela confessou o delito, antes de ser pronunciada pela juíza da Quinta Vara Criminal e já devolveu em imóveis o valor furtado, é possível que seja condenada a menos de quatro anos, o que pode resultar em cumprimento de pena alternativa, como prestação de serviço comunitário.
Já no caso de Eduardo Requião, se não conseguir explicar a origem legal dos dólares e se não os declarou no Imposto de Renda deste ano (ano base 2009), poderá ter sua situação complicada e até ser punido com pena maior que a da empregada. Alguns criminalistas consultados pela reportagem asseguraram que a atitude de Eduardo se transformou em “tiro no próprio pé”.
Se ele tivesse resolvido a situação no âmbito doméstico, conversando com a empregada para reaver a quantia, sem denunciá-la à polícia, possivelmente o caso não chegasse ao conhecimento dos veículos de comunicação, nem ganharia notoriedade.
Diante da reticência de Requião em informar à Justiça a origem do dinheiro, o Ministério Público achou por bem indicar um promotor para fazer a investigação do caso. Ontem, o promotor Walber Alexandre de Souza, que já atuou na Promotoria de Investigação Criminal (PIC), recebeu a documentação para analisá-la.