Com três testemunhas de defesa e cinco de acusação, Beatriz Cordeiro Abagge deverá voltar ao banco dos réus, no próximo dia 28 de abril, no 2.º Tribunal do Júri de Curitiba.

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Ela e outras seis pessoas (inclusive sua mãe, Celina Abagge) foram acusadas de matar Evandro Ramos Caetano, 6 anos, em um suposto ritual de magia negra em Guaratuba, há quase 20 anos.

O caso nunca foi devidamente esclarecido, por conta de investigações mal feitas que resultaram em um processo de 70 mil páginas, cheio de dúvidas e imprecisões.

Beatriz e Celina protagonizaram o mais longo julgamento já ocorrido no Brasil, em março de 1998, que durou 34 dias. Ao final dos trabalhos, no Fórum de São José dos Pinhais, ambas foram absolvidas.

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O então promotor Celso Ribas (já falecido) entrou com recurso para anular o júri, o que acabou acontecendo em abril de 2009. Celina, por ter mais de 70 anos, não será julgada outra vez, mas disse que ficará ao lado da filha durante todo o processo.

Torturas

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As duas mulheres, a exemplo dos outros cinco homens acusados do mesmo crime, asseguram que são inocentes e que confessaram o delito mediante torturas após prisões ilegais.

O caso é tão confuso que acabou resultando em três julgamentos distintos. Os réus Osvaldo Marcineiro, Vicente de Paula Ferreira e David dos Santos Soares foram condenados (os dois primeiros a 20 anos e 2 meses de reclusão, e o terceiro a 18 anos e 8 meses, em abril de 2004). Já os acusados Airton Bardelli dos Santos e Francisco Cristofolini foram absolvidos em junho de 2005.

Em meados de janeiro último, na série Tribuna na Justiça, o caso foi relembrado em detalhes em 12 capítulos (podem ser lidos no Parana-online), quando foram apontadas situações no mínimo estranhas contidas no processo e apresentadas as versões dos principais envolvidos.

Depois disso o delegado Luiz Carlos de Oliveira, da Polícia Civil, que fez investigações na época, desafiou a Justiça a fazer um novo exame de DNA na ossada de Evandro, que está sepultada no cemitério antigo de Guaratuba, para confirmar se aquele corpo é mesmo o do garoto.

Oliveira acredita que o menino não foi assassinado e pode ter sido sequestrado e vendido no exterior. O cadáver encontrado seria de outra criança. Evandro desapareceu em 7 de abril de 1992 e o corpo apontado como o dele foi encontrado num matagal, cinco dias depois.

Beatriz está confiante na Justiça e espera que com o novo julgamento toda a verdade venha à tona. Em sua defesa atuará Adriano Sérgio Nunes Bretas e na acusação a promotora de Justiça Lúcia Inez Giacomitti Andrich.