Meninas de mais um colégio foram aliciadas para o esquema de pedofilia, associado a extorsões praticadas por policiais civis. A descoberta foi feita na manhã de ontem por policiais da Patrulha Escolar Comunitária (PEC), desta vez no Fazendinha. Os PMs foram chamados depois que uma estudante foi flagrada com uma arma de fogo em um colégio. Ela foi levada para casa e, quando a mãe viu os policiais, achou que era referente ao caso de pedofilia. A garota disse que não estava envolvida, mas contou que uma amiga, de 16 anos, que estuda em um colégio no Fazendinha, sabia do esquema. Os policiais então encontraram a garota, que teria indicado três colegas, com idades entre 13 e 16 anos, que foram aliciadas. De acordo com o tenente Cláudio Prus, da PEC, os policiais trabalham na tentativa de identificar estas meninas.
Até então, sabia-se que quatro garotas de uma escola no bairro Portão teriam sido aliciadas por Luciana Polera Correia Cardoso, 21, apontada como mentora da quadrilha. A ligação entre elas e Luciana era a irmã da acusada, que estudava com as jovens. Segundo o tenente Prus, desta vez, as estudantes do colégio do bairro vizinho eram convidadas pela própria Luciana para participar dos programas. "Ela costumava ficar em uma banca de doces, perto do colégio, e ali conhecia as meninas e as convencia a participar do esquema", contou o policial.
A diretora do colégio disse que também tenta saber quem são as estudantes.
Outra jovem, que denunciou policiais na Corregedoria da Polícia Civil, e, portanto, também teria participado dos encontros amorosos, deixou o colégio. "Estamos muito preocupados. Quando algum aluno chega atrasado ou falta aula nós exigimos satisfações. Porém, infelizmente não podemos fazer muita coisa, uma vez que elas passam apenas parte do dia na escola", finalizou a diretora.
Esquema
O esquema de pedofilia, envolvendo extorsões praticadas por policiais civis, começou a ser investigado pela Corregedoria da Polícia Civil desde o dia 19 de abril. Luciana é acusada de aliciar meninas para encontro amorosos com empresários, que ela escolhia pela internet. Antes das carícias esquentarem, uma das meninas ia ao banheiro e Luciana dava o sinal para os policiais civis invadirem o quarto. Eles ameaçavam prender o pedófilo caso não pagasse determinada quantia em dinheiro. Segundo meninas que participaram da trama, as extorsões aconteciam no 4.º, 7.º e 12.º Distrito Policial.
Garota diz que não participou
Por telefone, a garota de 16 anos disse que conheceu Luciana na banca de doces e que apenas limpava a casa dela. Ela negou a participação nos encontros amorosos, mas afirmou que já prestou depoimento na corregedoria, onde reconheceu quatro policiais civis. Há uma semana, quando a corregedora Charis Negrão Tonhozi se manifestou pela última vez sobre o fato, 14 policiais haviam sido identificados. Desde então, é esperada a revelação dos nomes dos policiais, mas a Secretaria de Segurança Pública informou que só irá divulgá-los com o fim das investigações.
Sabe-se que mais de dez adolescente já foram ouvidas na corregedoria. A Polícia Militar intensificou a segurança nas escolas e tenta identificar outras jovens. A PM afirmou que está "fechando o cerco" contra Luciana, que já conta com mandado de prisão.