Foto: Alberto Melnechuky/Tribuna |
Maria Aparecida revela detalhes importantes sobre o internamento de bebê. |
A testemunha que talvez faltasse para ajudar a esclarecer o intrincado caso da morte do bebê de sete dias – filho do casal Nilson Moacir Oliveira Cordeiro, 33 anos, e Any Paula Fascollin, 29, acusados de tê-lo violentado sexualmente – foi ouvida ontem na Promotoria de Investigação Criminal (PIC) pela promotora de Justiça Cláudia Cristina Rodrigues Martins. Em seu depoimento, Maria Aparecida Cândida de Oliveira, auxiliar de serviços gerais, garantiu que foi demitida do Hospital Mater Dei, onde trabalhou durante nove anos, depois que comentou com outra funcionária – responsável pelo setor de relações públicas – que o pai da criança ficaria preso sem ter nenhuma culpa pela morte do filho.
Revoltada com a situação, Maria Aparecida decidiu procurar veículos de imprensa para revelar suas suspeitas com relação à morte do bebê e sua preocupação com o fato dos pais estarem presos. Ela foi atendida pelo apresentador do programa 190 – Roberto Aciolli – exibido pela CNT, a quem contou tudo o que havia presenciado no hospital durante o internamento da criança. Pelo próprio Aciolli, Maria Aparecida foi encaminhada ao Ministério Público, onde reafirmou suas declarações, ontem às 15h40, à promotora.
Denúncias
A ex-funcionária contou que por volta das 23h do dia 5 julho ela estava de plantão quando viu Nilson e Any chegando com o filho tendo convulsões, no hospital. Eles foram recepcionados pela médica Simone Victor, para quem contaram que o bebê tinha chorado o dia inteiro e que seu ?saquinho? não havia desinchado (a criança nasceu com hidroceles). A pediatra internou a criança na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e recomendou que os pais fossem embora. No dia seguinte, eles retornaram às 7h e foram tranqüilizados pela mesma médica, que pediu que o casal voltasse à tarde. Por volta das 14h uma das enfermeiras foi trocar a criança e percebendo que ela estava muito ?assada?, chamou a médica de plantão. Esta a examinou rapidamente e não conseguiu descobrir o motivo da assadura. ?Foram chamados todos os pediatras, inclusive a dra. Simone, que já tinha ido embora. Ao rever o bebê ela disse que quando ele entrou na UTI não estava daquele jeito. Nesse momento um dos médicos, cujo o nome não me recordo, disse que a criança poderia ter sido estuprada?, contou.
Segundo Maria Aparecida, depois desse episódio, o boato ?correu? no hospital e o dr. Luvercy Rodrigues Filho, diretor da UTI Neonatal, mandou chamar o casal. Ele então disse que a criança tinha sido estuprada por eles. ?O pai do garotinho começou a chorar e a mãe ficou chocada. O dr. Luvercy disse que teria que chamar a polícia e pediu que os pais fossem embora porque o bebê ficaria em observação. Na madrugada do dia 8 a criança morreu e o médico chamou a polícia e a reportagem, afirmando que os pais tinham fugido?, disse a ex-funcionária.
Ela contou ainda que depois que o casal foi preso, o comentário que predominava no hospital, era de que ?dr. Luvercy iria dar um jeitinho no caso?, pelo fato de ser também legista do Instituto Médico-Legal. ?Um plantão após a morte da criança, eu estava no vestiário do hospital quando entrou a encarregada da parte de relações públicas. Perguntei se era ela que iria livrar ?o cara? do hospital de novo e ela disse que não sabia sobre o que eu estava falando. Eu respondi, dizendo que era sobre o pai que iria ficar preso mesmo não tendo estuprado o bebê. Ela então me alertou que eu estava me metendo em assuntos onde eu não tinha sido chamada e dois dias depois dessa conversa fui mandada embora, por justa causa?, finalizou Maria.
Além de relatar o que sabia sobre a morte do bebê, a ex-funcionária ainda fez uma série de outras denúncias contra o hospital, principalmente ao que diz respeito aos procedimentos durante os partos. Tais denúncias deverão ser investigadas pelo Ministério Público.