Acusada de ser a mandante
do crime, Vera Crovador nega.

Vera Lúcia Bittencourt Crovador, viúva do advogado criminalista Luiz Renato Crovador e acusada de ter mandado matar o marido, irá a julgamento. A sessão em que Vera será julgada pelo homicídio – ocorrido em novembro de 1999 – está marcada para o próximo dia 14, a partir das 9h, no Tribunal do Júri. O advogado de defesa de Vera é o criminalista Osmann de Oliveira. Na acusação vai atuar o promotor Celso Luís Peixoto Ribas.

Vera esteve presa durante quase um ano – entre 4 de novembro de 1999, data do crime, e 27 de outubro de 2000, quando saiu da Penitenciária Feminina de Piraquara graças a um alvará de soltura. Desde então, passou a responder pelo crime em liberdade. Ao sair da prisão, a viúva disse que iria aguardar de “cabeça erguida” o júri popular que irá decidir pela sua culpa ou inocência.

Vera Crovador, que está com 44 anos, admite que manteve um “rápido relacionamento” com o garoto de programa Mílis Rogério Santos, um dos acusados de envolvimento no crime. Mílis, que Vera diz ter conhecido em um bingo e que tinha 26 anos na época, seria uma importante peça para desvendar o caso, mas está foragido desde o assassinato. Vera garante que não teve nenhuma participação na trama que resultou na execução de seu marido e acha que o plano partiu de clientes de Crovador, advogado criminalista famoso em Curitiba – que, segundo ela, “sabia demais”.

Executado

Luiz Renato Crovador tinha 53 anos e foi executado dentro do seu escritório com um tiro na cabeça, na manhã do dia 4 de novembro de 1999. Cinco pessoas supostamente envolvidas no caso foram presas. Além de Vera, foram detidos Edson Rodrigues Zucco, o “Paulista”, e Cleverson Firmino Miró, o “Polaco”. Os dois se fizeram passar por clientes de Crovador e invadiram o escritório no Alto da Glória. Eles teriam sido contratados por Setembrino José Nórdio e fugido do local com a ajuda de Daniel Gomes Serápio.

Mílis, que desapareceu, é quem teria levado o dinheiro acertado para a execução para Setembrino, que foi acusado pela polícia de ter contratado os pistoleiros “Paulista” e “Polaco”. Os dois matadores foram julgados e condenados. Setembrino Nórdio também foi a julgamento e terminou absolvido. O júri de Serápio chegou a ser realizado, mas foi anulado e ainda não foi marcada uma nova data.

CPI

Em março de 2000, Vera Crovador prestou depoimento na CPI do Narcotráfico e disse que o crime foi uma armação para incriminá-la. Crovador era advogado de pessoas investigadas pela CPI, inclusive de Paulo Mandelli, considerado o “rei do desmanche” no Paraná. Mandelli está foragido há três anos e responde a mais de vinte inquéritos.

O defensor de Vera, Osmann de Oliveira, mantem a tese de que ela foi vítima de uma “armação”. Segundo ele, a mulher não teve nenhum envolvimento com a morte do marido e continuará negando a autoria, coisa que tem feito desde o dia de sua prisão. Oliveira também promete uma reviravolta no caso. De acordo com suas declarações há indícios de que Crovador tenha aberto empresas fantasmas, para através delas abrir contas correntes destinadas a guardar dinheiro ilegal que posteriormente seria enviado para o exterior. Estas transações girariam em torno de R$ 10 milhões. Estes negócios ilegais é que teriam provocado o assassinato do criminalista, ainda de acordo com Oliveira.

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