O ex-funcionário do gabinete do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, Marco Antonio Ferreira, testemunha de defesa do ex-parlamentar, afirmou ontem ao juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, durante audiência na 2.ª Vara de Justiça de Curitiba, que também dirigia o carro do ex-parlamentar, assim como outros funcionários do gabinete.
Carli Filho é acusado de ser o responsável pelo acidente que causou a morte de Gilmar Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, no dia 7 de maio de 2009. Segundo laudo, o ex-deputado dirigia em alta velocidade e estava com hálito etílico.
De acordo com Roberto Brzezinski Neto, advogado do réu, Carli Filho não depôs ontem por não haver necessidade. “Entendemos que não é necessário um novo interrogatório. O juiz achou por bem dispensá-lo da presença”, disse.
Sobre o habeas corpus concedido segunda-feira, ele alegou, dentre outros motivos, a necessidade de análise. “Se a acusação ficou por 150 dias de posse do disco rígido, trata-se de alguma coisa complexa ou de algum material que indica as imagens do eventual acidente que ocorreu, o que se mostra importante para o processo”, afirmou.
Ontem, ainda, Elias Mattar Assad, advogado da família de uma das vítimas, fez um protesto público de 26 segundos pedindo a pronúncia do réu. “Embriaguez em direção de veículo: está provado por testemunhas e por confissão do réu no seu interrogatório. Velocidade altíssima com decolagem do veículo: está comprovada por perícia e por prova testemunhal. Resultando isto em mortes fica inafastado o dolo eventual e o julgamento pelo Tribunal do Júri. Pedimos a pronúncia do réu”, diz o pedido de Assad.
Para ele, 26 segundos é o tempo suficiente para fazer a acusação final. “O tribunal de Justiça do Paraná deu 30 dias para a defesa apresentar suas razões. Para nós está tão cristalino que não precisamos mais do que trinta segundos para fazer uma acusação final”, ressaltou.
O assistente de acusação da família de Murilo, Juarez Xavier Kuster, concluiu que realmente não há mais nada a ser feito. “Havia álcool e velocidade extrema. O choque ceifou a vida de dois jovens da cidade. A prova está definida. Esse prazo de trinta dias é pura perda de tempo”, afirmou.
Bastante emocionada com a continuidade do processo, a mãe de Gilmar Yared, Cristiane Yared, desabafou. Ela disse que a família não irá mais se pronunciar até a conclusão do processo.
“É uma postura nossa. Afinal de contas eu, como a Vera (mãe de Carlos Murilo) e todas as mães, somos apenas mães que perderam seus filhos. Quem somos nós para ir contra os senhores desembargadores e senhores juízes? Somos apenas a família que perdeu”, disse.
Ela conclui dizendo que voltar ao Tribunal do Júri remete ao dia do acidente. “Também nos fornece a sensação de que é necessário uma punição para assassinos de trânsito”, disse.