Andrius César Bordenoski Santana, de 1 ano e 8 meses, não foi envenenado, e sim esganado. Essa informação foi confirmada tanto pelos dois acusados quanto pelo laudo parcial do Instituto Médico-Legal (IML) recebido pela delegacia de Fazenda Rio Grande, no final da tarde de ontem.
O garoto foi encontrado morto na casa do vizinho Márcio Antônio Rezende, 35 anos, namorado do pai dele, Júlio César Santana, 28. Segundo o delegado Leonardo Bueno Carneiro, os dois fizeram um pacto de morte e, depois de esganarem o menino, tomaram uma mistura feita com diversos remédios e venenos e ficaram inconscientes até serem encontrados por uma amiga. Eles foram encaminhados ao hospital do município e ficaram sob escolta policial.
Na tarde de ontem, eles receberam alta no hospital e foram levados para a delegacia, mas ainda sob o efeito do veneno. visivelmente entorpecidos, não puderam ser ouvidos.
“Um médico do município os examinou e disse que aos poucos o efeito da sedação passaria. No final da tarde, conseguimos ouvir algumas coisas, mas é muito pouco para concluirmos o inquérito. Portanto, eles vão ficar na delegacia, numa cela separada, e serão ouvidos assim que tiverem condições”, contou o delegado. Segundo ele, os dois vão responder por homicídio com o agravante de que a vítima não teve chances de reação.
Cartas
Júlio era casado com uma mulher identificada como Ana Carolina. Dessa relação nasceu Andrius. Há quatro meses eles se separaram, supostamente porque Júlio descobriu ser portador do vírus HIV e optou viver uma aventura amorosa com Márcio, que morava na casa ao lado da sua, no Jardim Veneza.
Supondo que seriam encontrados mortos, eles deixaram, em cima da mesa da cozinha, algumas fotos e cartas manuscritas, que de alguma forma jogavam para cima da sogra de Júlio a culpa da morte do neto e o duplo suicídio (que não deu certo). Júlio trabalha numa livraria em Curitiba e seu namorado é funcionário público de um município da região metropolitana.
Horror
No Jardim Veneza, os vizinhos estavam assustados. Não acreditavam que Márcio, segundo eles, um homem inteligente e bem relacionado, pudesse cometer um crime bárbaro, muito menos tentar se matar tomando veneno.
Segundo um morador que não quis se identificar, Júlio e Márcio sempre eram vistos juntos, mas nada que pudesse levantar algum tipo de suspeita. “No sábado à tarde, vimos eles chegando em casa com o menino no colo. Estavam com várias sacolas, mas não poderíamos imaginar que isso pudesse acontecer”, contou.