Pacto de morte, homicídio seguido de suicídio ou acidente com monóxido de carbono são as possibilidades investigadas pela polícia, após o encontro dos corpos do casal Marcos Roberlei Mengusso, 31 anos, e Raquel Almico, 30, ontem pela manhã, no apartamento em que moravam, na Avenida Iguaçu, Rebouças. Ambos estavam deprimidos, com problemas financeiros e no relacionamento.

continua após a publicidade

Um irmão de Marcos, ao saber que eles não haviam aparecido no trabalho, desconfiou que algo anormal havia acontecido e foi até o apartamento. Como ninguém atendeu, chamou a polícia e autorizou que a porta fosse arrombada. O casal foi encontrado na cama, já sem vida. Ela segurava um crucifixo e outras peças sacras estavam ao redor dos corpos.

Peritos do Instituto de Criminalística foram chamados, mas não puderam determinar como ocorreram as mortes. Suspeita-se que foi por ingestão de medicamentos (havia muitos remédios no apartamento) ou por inalação de monóxido de carbono. Somente após a necropsia a causa será conhecida.

Policiais da Delegacia de Homicídios registraram a ocorrência para esclarecer o mistério. Acredita-se que Raquel morreu antes de Marcos – devido à posição dos corpos na cama.

Conflitos

continua após a publicidade

Raquel foi descrita por amigos como uma mulher alegre, bonita e gentil. Era muito benquista em seu local de trabalho (numa rede de postos de gasolina) e também muito religiosa.

Falava freqüentemente em Deus, viajou para Jerusalém e visitou o Monte Sinai, exibindo com orgulho as fotos da viagem no site de relacionamentos orkut. Porém, recentemente teve problema cardíaco, fez tratamento e confidenciava às amigas que tinha medo de morrer. Seu casamento não ia bem e ela e o marido se separaram duas vezes.

continua após a publicidade

De acordo com amigos do casal, Marcos tentou ganhar a vida nos Estados Unidos e Raquel ficou no Brasil. No entanto, por ser imigrante ilegal, foi preso e deportado. Quando voltou, o casamento, que já não ia bem, piorou. Eles se separaram e depois reataram. Os motivos das desavenças são desconhecidos.

Surpresa

A morte de ambos surpreendeu os amigos de Raquel, que comentaram que apesar de ela estar em tratamento para depressão, não tinha o perfil de quem pretendia se matar. Nunca havia falado em suicídio e, anteontem, depois do trabalho, teria ido fazer compras com a sobrinha numa loja de departamentos.

Os amigos também disseram que, desde sexta-feira, Marcos andava muito triste e parecia deprimido.Tão logo as mortes foram descobertas, muitas mensagens de despedida foram enviadas ao orkut de Raquel. Já no de Marcos nenhuma foi postada.

Valorização da vida

Patricia Cavallari

Pensar em pôr fim à própria vida é uma idéia que já passou pela cabeça de muitas pessoas. No momento de angústia ou desespero profundo, esta parece ser a única saída.

Para evitar que os pensamentos se concretizem, o Centro de Valorização da Vida (CVV) age 24 horas. São voluntários treinados para ouvir e fazer com que as pessoas reflitam, se acalmem e procurem ajuda adequada para resolver o problema.

Quintino Dagostin, membro do CVV, conta que o trabalho dos voluntários está em oferecer seus ouvidos. “Conforme a pessoa conta o que está lhe angustiando, a ansiedade começa a baixar e ela passa a refletir. Por saber que está sendo de alguma forma acolhida, sente-se melhor. O voluntário do CVV não dá conselhos em relação ao problema, mas ajuda a pessoa a lidar com seus sentimentos”, explica Dagostin.

Apenas no ano passado, o CVV da capital atendeu 28 mil ligações, muitas motivadas por perdas. “Fim de namoro ou perda de emprego tornam-se motivo para acreditar que a vida não tem mais sentido”, conta Dagostin. As ligações são sigilosas. Não é preciso fornecer qualquer identificação, e para aquele que não se sen,te à vontade para conversar por telefone, os voluntários atendem pessoalmente.

Curso

No próximo dia 29 o CVV promove o último curso do ano para candidatos a voluntários. O trabalho é de 4h30 semanais.  Telefone 24 horas: 141 ou 3342-4111. Das 8h às 18h na Rua Carneiro Lobo, 35.