Com duas fugas em apenas dois dias, além de motins e transferência de presos, o 9.º Distrito Policial, na Avenida Arthur Bernardes, Santa Quitéria, continua em clima tenso e com a carceragem superlotada, por conta da destruição feita pelos presos.
Os 18 que restaram, dividem a única cela intacta e que tem capacidade para quatro pessoas. Na segunda-feira (25), quando nove presos fugiram, as outras três foram destruídas e ficaram com grandes buracos nas paredes.
Cinco fugitivos foram recapturados na mesma noite e quatro continuam nas ruas. A rebelião e fuga obrigou a retirada da maior parte dos mais de 70 detentos que estavam na carceragem.
Terça-feira (26), pela manhã, 48 detentos foram transferidos para o Centro de Triagem II, em Piraquara, e os 21 que sobraram foram colocadas na única cela restante.
Por volta das 22h, os presos entortaram a porta e pelo vão, tiveram acesso às outras celas destruídas e cinco ganharam as ruas. Dois policiais e um estagiário, que estavam de plantão, conseguiram recapturar dois dos fugitivos.
“Conversei com o grupo que restou e pedi calma a eles, mas continuam amotinados. O espírito no distrito é muito ruim por causa desta instabilidade. O trabalho para a população, que nos procura diariamente, acaba prejudicado”, declarou o delegado José Sudário da Silva.
Segundo ele, o delegado-geral, Riad Braga Farhat, outros divisionais da Polícia Civil e membros da Secretária de Justiça estiveram no distrito para avaliar os estragos.
Efeito dominó
Sudário comentou que a falta de vagas no distrito afetou outras delegacias. “Somente na noite de segunda-feira, quando houve a destruição e a primeira fuga, nove pessoas foram detidas no Ciac-Sul, por crimes inafiançáveis. Viriam para cá, mas acabaram indo para o 11.º Distrito (CIC), que já tinha mais de 170 presos”, explicou.
Por este motivo, segundo ele, as celas precisam ficar prontas com urgência. “Tenho que fazer alguns orçamentos e passar por certa burocracia, mas acredito que por volta de dez dias a carceragem voltará ao normal”.
Policiais do 11.º Distrito, que tem espaço para 30 presos, mas abriga mais de 170, já estão apavorados com o grande volume de presos. Alguns alegaram que estão sendo ameaçados e que o clima também é tenso.