Em mais um golpe de sorte – o que já tem notabilizado a delegacia de São José dos Pinhais – foi preso ontem pela manhã, no Jardim Alegria, naquele município, o autor do assassinato do investigador Osvaldo Alves da Veiga, 46 anos, executado com seis tiros, dentro de seu carro – um Fiat Pálio – no sábado passado, no Cajuru. Trata-se do traficante e receptador de mercadorias furtadas João Carlos Pires, que tem antecedentes criminais. Os policiais do município faziam diligências para localizar os responsáveis pelos furtos de fios e cabos de luz e telefone, quando encontraram o carro do suspeito, estacionado em uma garagem, e o detiveram.
João Carlos nega ter assassinado Veiga, muito embora confirme que um dia antes do crime – sexta-feira – foi detido pelo mesmo investigador e sua equipe. No entanto, a família de João Carlos, depois de tentar enganar a polícia arrumando um álibi falso para ele (disse que ele estava no litoral na hora do crime), resolveu colaborar, contando que o acusado estava sendo pressionado pelos policiais. Há suspeitas de que Veiga e os demais estariam extorquindo o traficante. Tanto que, ontem mesmo, à noite, alguns investigadores foram chamados à Corregedoria da Polícia Civil, para explicar a situação.
Encontro
De acordo com o que foi apurado, na sexta os policiais estiveram na casa de João Carlos. Como ele não estava, aguardaram sua chegada. Conversaram durante algum tempo e marcaram um “apontamento” (encontro, na gíria policial), para o dia seguinte. No sábado, Veiga estava com a mulher e os filhos no cabeleireiro, quando o celular tocou. Era alguém confirmando um encontro. Mesmo em férias desde 1.º de julho, Veiga disse à família que iria resolver um assunto de trabalho e logo voltaria. Foi até o Cajuru, onde encontrou o assassino, permitindo que ele entrasse em seu carro. Quando conversavam, o criminoso sacou de uma pistola e disparou seis vezes contra o policial, que tombou morto ao lado do automóvel. Em seguida o assassino fugiu a pé. Próximo dalí estaria seu carro, um Gol, com o qual voltou a São José dos Pinhais.
Por estar em férias, Veiga não poderia estar atuando em nenhuma diligência. Inclusive a ação de sexta-feira, em São José dos Pinhais, teria sido ilegal, uma vez que ele estava lotado na Delegacia de Homicídios e não tinha autorização superior para investigar no vizinho município. Os policiais que trabalhavam com ele é que saberão dar mais detalhes sobre o episódio, mas certamente serão contrários às informações da família de João Carlos e negarão qualquer tipo de extorsão.
Prisão
Ontem, policiais de São José dos Pinhais, atendendo a denúncias da Brasil Telecom e outras empresas de telecomunicações, faziam buscas no Jardim Alegria, de fios que haviam sido furtados durante a noite. Em um barraco, onde acreditavam que os fios poderiam estar escondidos, encontraram o carro de João Carlos. Logo em seguida ele foi detido e como já era apontado como autor da morte de Veiga, foi imediatamente preso. Com ele os policiais encontraram vários objetos furtados, que lhes foram levados por viciados para trocar por crack. Isso lhe valeu a autuação em flagrante por receptação. Mais tarde, à noite, ele também teve prisão preventiva decretada por 30 dias, para apuração do homicídio.
Cunhados de João, também acusados de integrar a quadrilha de traficantes da região, fugiram da delegacia de São José recentemente. Há quem diga que os indivíduos formaram um grupo de extermínio e já no domingo, dia seguinte à morte de Veiga, executaram outro traficante que tinha se desentendido com a quadrilha.
Hoje, às 15h, o acusado deverá ser apresentado à imprensa, quando outros detalhes do caso, ainda nebulosos, deverão ser esclarecidos.
Sorte
Foi também em um golpe de sorte, parecido com este, que os policiais de São José conseguiram prender o empresário e ex-BBB Edilson Buba, por tráfico de drogas, no Aeroporto Internacional Afonso Pena. Os investigadores estavam no local para a averiguação de um possível “golpe do chute” (venda de mercadoria inexistente), quando depararam com Buba e a namorada, ele levando droga na bagagem.