Presa sob a acusação de roubo de cargas, a pré-candidata a vereadora de Pinhais, que também diz trabalhar no marketing de uma casa de prostituição, Licélia Rodrigues da Cruz, 31 anos, foi a pivô de mais uma trama envolvendo o jornalista e ex-deputado estadual Ricardo Chab e que o colocou na prisão pela segunda vez. Ela estaria difamando o delegado Marcus Vinícius Michelotto a pedido do apresentador.
O ataque ao delegado-titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC) seria para colocar em xeque a credibilidade dele em relação à operação que comandou para prender Chab, em 25 de abril. O ex-deputado, preso em flagrante por porte ilegal de arma na quinta-feira, teve ontem sua prisão preventiva decretada por conta do crime de extorsão praticado contra a empresa Centronic.
Acompanhado da cúpula da Polícia Civil, Michelotto contou à imprensa que as investigações começaram há três meses, para desbaratar uma quadrilha de roubo de cargas. Licélia era uma das suspeitas.
Durante os trabalhos, o delegado descobriu que a mulher estava manchando a imagem dele para pessoas influentes de Pinhais. ?Ela dizia que eu era envolvido com drogas, prostituição e extorsão, e ainda preparava a montagem de uma foto em que eu apareceria a seu lado?, contou Michelotto, que comunicou a Corregedoria da Polícia Civil.
Difamação
Foram expedidos mandados de prisão para a quadrilha e, na quinta-feira, a mulher foi presa. Em depoimento aos corregedores e membros do Ministério Público, Licélia confessou que difamava o delegado a pedido de Chab. Em troca, receberia entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para sua campanha eleitoral. As conversas seriam gravadas e as fitas entregues à imprensa.
?Conheço Chab desde 1997, e fui cabo eleitoral dele. Agora temo por minha vida, pois se ele foi capaz de tramar isso com o delegado, imagine comigo. Os assessores dele já me ameaçaram se algo desse errado?, relatou a mulher, que fez questão de esconder o rosto. Diante da imprensa, ela também pediu desculpas ao delegado.
Armas dentro de casa
As denúncias desencadearam o cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa de Chab e em sua rádio, em São José dos Pinhais, cumpridos na quinta-feira. Duas armas sem registro, calibre 32, sendo uma delas americana, e 88 projéteis foram encontrados, o que resultou em sua prisão por porte ilegal de arma e receptação de arma estrangeira.
Também foram apreendidos computadores e outros documentos para investigação. As confissões de Licélia podem resultar para Chab a acusação de coação durante o curso do processo. O ex-deputado está preso no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).
O advogado de Chab, Haroldo César Nater, disse que ainda não se inteirou das acusações e que deve se pronunciar apenas hoje.