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Motorista tentou ligar caminhão no tranco e passou por cima de sete pessoas.

A festa de 15 anos que acontecia em uma casa na Barreirinha foi a última confraternização vivida por uma família, na noite de sábado. Quando o pai da aniversariante, Altair Carmo da Silva, 36 anos, entrou em seu Kadett, junto com seis parentes, para levá-los embora, um caminhão desgovernado desceu a Rua Augusto dos Anjos de ré, e esmagou o carro. Um pedestre foi atropelado e levado ao hospital. Altair também chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Dois sobrinhos dele e dois bebês morreram embaixo das ferragens. Revoltados, familiares das vítimas e vizinhos lincharam sumariamente o caminhoneiro Claudemir Batista Severino, 45, que apesar de ser socorrido pelo Siate, não resistiu às agressões sofridas.

A tragédia aconteceu por volta da 1h, quando o marceneiro Altair preparava-se para levar para casa a sobrinha Cláudia de Andrade Dias, 17; o marido dela, Hélio Kruger, e a filha do casal, Samara de Andrade Kruger, 8 meses. Aproveitando a carona, também entraram no veículo o irmão de Claúdia, Cleber de Andrade Dias, 22; a esposa dele, Sirlei Dias da Cruz, e a filha do casal, Vitória da Cruz Dias, 1 ano. Todos já estavam dentro do veículo, quando Hélio resolveu descer para trocar de lugar. Foi naquele momento que ele avistou o caminhão desgovernado descer a rua, tendo tempo apenas de se jogar no gramado.

O Kadett placa AHD-2732 foi destruído, assim como a motocicleta que estava estacionada atrás dele. Sirlei, Hélio e o adolescente de 14 anos, que passava pelo local e foi atropelado, foram os únicos sobreviventes da tragédia. Quando os bombeiros começaram a retirar os corpos, Sirlei e Altair estavam vivos, mas o marceneiro morreu a caminho do hospital. A mulher continua hospitalizada e não corre risco. O trabalho dos soldados durou toda a madrugada de domingo, uma vez que o último corpo foi resgatado às 5h.

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Linchamento

A cena trágica chocou os demais convidados da festa e moradores vizinhos que, num ímpeto de revolta, avançaram no motorista do caminhão. Rapidamente dezenas de pessoas rodearam o veículo, sem permitir que Claudemir deixasse o local. Ainda dentro da cabine, ele foi linchado pelos populares, que acalmaram os ânimos depois da chegada do Siate. O caminhoneiro morreu enquanto recebia socorro na ambulância.

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Segundo moradores, pouco antes da tragédia Claudemir passou caminhando pela rua bastante alcoolizado. Ele teria deixado o bar e entrado no caminhão para ir embora. Sem conseguir fazê-lo funcionar, Claudemir engatou a marcha-à-ré na descida para que o motor pegasse no tranco. A tentativa não deu certo e os freios não funcionaram, uma vez que o motor estava desligado. O caminhão então desceu desgovernado, ocasionando a tragédia.

Parentes amargam a dor da desgraça

Centenas de pessoas se reuniram na noite de ontem para velar as cinco vítimas da tragédia, ocorrida no início da madrugada de domingo. Foi na igreja evangélica Casa de Oração para Todos os Povos, situada no bairro Bonfim, em Almirante Tamandaré, que parentes e amigos do marceneiro Altair Carmo da Silva, 36 anos; de Cleber de Andrade Dias, 22; Samara de Andrade Kruger, 8 meses; Claúdia de Andrade Dias, 17; e, Vitória da Cruz Dias, 1 ano, prestaram as últimas homenagens.

Segundo a irmã de Altair, Lourdes Carmo da Silva, o marceneiro era muito querido no bairro onde morava. "Ele era evangélico e sempre ajudava quem precisava. Acho que foi por isso que os vizinhos se revoltaram e lincharam o caminhoneiro", contou Lourdes.

Altair, que morreu depois de presentear a filha com a festa para comemorar seus 15 anos, tinha outras duas filhas, de 18 e 4 anos. "A família era tudo pra ele, pois meu irmão não media esforços para fazer as meninas felizes", finalizou a mulher.

O acidente também pôs fim à família dos sobreviventes Sirlei Dias da Cruz e Hélio Kruger. O marido e filha dela morreram nas ferragens do carro, assim como a filha e a esposa de Hélio.