Câmeras de segurança em residências, comércios e ambientes públicos já não intimidam bandidos. No entanto, a boa qualidade das imagens podem ser a diferença entre um crime resolvido e a impunidade. Já existem câmeras de segurança que filmam em alta definição, com possibilidade de aproximar a imagem e identificar com clareza rostos e detalhes. Algumas podem ler placas de carros e rostos e outras têm até proteção antivandalismo, resistentes a impactos e incêndio.
Uma das empresas que fornecem este tipo de equipamentos é a Axis Communications, que já instalou câmeras numa rede de postos de combustíveis da grande Curitiba e no shopping Pátio Batel, aberto ao público em setembro no ano passado. No posto, as câmeras ajudaram a polícia a identificar e prender parte de uma quadrilha de assaltantes poucos minutos depois do crime. Já no shopping, as imagens em alta definição podem mostrar com detalhes frequentadores ou transeuntes na rua, mesmo a 30 metros de distância.
Explosão
Segundo Andrei Junqueira, gerente de desenvolvimento de novos negócios da Axis, a proteção antivandalismo aguenta até 5 toneladas de impacto (tiros, pancadas, explosões etc.). Sensores ainda soam alarmes ao captarem aproximações e movimentos estranhos. Andrei deu o exemplo da rebelião em um centro de socioeducação, no Espírito Santo, onde os adolescentes atearam fogo nas câmeras. Os equipamentos continuaram gravando em meio às chamas e foi possível identificar quem começou a confusão.
Umas das possibilidades do equipamento é permitir que os funcionários da segurança não precisem ficar “aprisionados” numa sala olhando telas de TV. Eles podem acompanhar as imagens de todas as câmeras por um smartphone com aplicativo específico instalado, como qual podem, inclusive, movimentar qualquer uma das câmeras, dar zoom e mudar o foco.
Uma rede de postos da grande Curitiba também possui câmeras de alta definição da Axis. Um dos estabelecimentos, em Campina Grande do Sul, foi roubado por cinco marginais, em dezembro de 2012, que levaram R$ 4 mil em dinheiro dos caixas e um malote com documentos. Como as câmeras fizeram a leitura das placas, mesmo à noite, a polícia conseguiu prender três integrantes da quadrilha meia hora depois em Piraquara. O dinheiro e os documentos foram recuperados.
Posição tem que desviar o boné
Arquivo |
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Flagra permitiu identificação de ladrão de veículos. |
O delegado Marcelo Magalhães, da Delegacia de Furtos e Roubos, ressalta que a posição e altura onde as câmeras são instaladas são tão importantes quanto a qualidade da imagem. Em comércios, por exemplo, elas devem ser instaladas na altura da cabeça, para que sejam capazes de gravar rostos. “Se ela estiver instalada no teto, num canto da loja, não consegue captar o rosto de um marginal que entra de boné, por exemplo”, explicou o delegado.
Em estacionamentos, por exemplo, não adianta instalar somente câmeras no alto, que monitorem somente a movimentação. Também devem haver equipamentos em alturas que permitam a identificação de placas e modelos de carros. Foi desta forma que o assalto a um posto de combustíveis em Campina Grande do Sul foi solucionado em meia hora, por exemplo. “As posições das câmeras têm que ser variadas. Mas elas tem que ser posicionadas de forma a ajudar a polícia”, disse Magalhães.
Definição é importante
Arquivo |
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Metade das image,ns que chegam à polícia não esclarecem. |
Câmeras de seguranças que gravam imagens ruins são a mesma coisa que nada, para vários delegados da Polícia Civil, que já tiveram investigações prejudicadas por imagens de má qualidade ou equipamentos mal posicionados. Marcelo Magalhães, delegado adjunto da Delegacia de Furtos e Roubos, diz que metade das imagens de crimes que a polícia consegue não ajudam. Algumas até mostram movimentações, mas não identificam rostos ou placas. São raras para a polícia as filmagens em alta definição.
Se todas as imagens permitissem identificações com clareza, seria possível comparar os rostos dos criminosos com fotos de bancos de dados da polícia. “O difícil é alimentar o nosso banco de dados. Mas se o programa de computador fosse integrado com um banco de dados amplo (como o do Instituto de Identificação ou do Detran, por exemplo), seria o ideal”, analisou Magalhães.
Soluções
O delegado Rubens Recalcatti, do 1.º Distrito Policial, citou casos em que câmeras de boa qualidade ajudaram a solucionar crimes. Um deles foi a morte de Lucas Augusto de Carvalho, 18 anos, esfaqueado por skinheads na Rua Inácio Lustosa, São Francisco, perto do Shopping Mueller, em setembro de 2010. Três agressores foram identificados e um deles, Gabriel de Oliveira Cata Preta, foi condenado em júri popular, ano passado. Os outros dois ainda vão a julgamento.
Apesar disto, Recalcatti ressaltou que, de nada adianta as pessoas possuírem câmeras em alta definição e não darem à polícia liberdade de acesso às imagens. “Às vezes não querem liberar o conteúdo. Em outros casos temos que escrever ofícios às empresas solicitando e o material. Demora dias ou semanas pra chegar na delegacia. Isso atrasa a investigação”, reclamou.