O violento bairro Cajuru vem atingindo a média de um homicídio ao dia. Pelo menos esta tem sido a estatística dos últimos três dias, com o registro de três mortes violentas, na mesma região, ao redor dos trilhos do trem. Sem ligação aparente com os outros dois crimes – que teriam sido motivados pelo tráfico de drogas, o último ocorreu na gelada noite de segunda-feira, por volta das 23h, na Rua dos Ferroviários, esquina com a Rua Wenceslau Teixeira Alves. O representante comercial Godofredo Nascimento Costa, 35 anos, foi morto com um tiro nas costas, que teria sido disparado pelo ex-marido de sua atual namorada, a médica Luzia do Rocio Cordeiro, 48. O acusado fugiu com a ajuda de um vizinho.
Separada há sete anos do enfermeiro Carlos Heitor Chaves Camargo, 51, Luzia iniciou o novo Relacionamento. Porém, seu filho, de 12 anos, não aceitava o namoro, fato que gerou diversas discussões entre Godofredo, Carlos e o garoto. O último bate-boca ocorreu horas antes do crime, por telefone, entre Godofredo e a criança. Furioso com as coisas que ouviu, o representante comercial foi à casa do
ex-marido de Luzia, onde também mora o garoto – na Rua dos Ferroviários, para tirar satisfações com o pai do menino, sobre as grosserias que este lhe dissera.
Luzia explicou que acompanhou Godofredo e, ao chegarem na casa de seu ex-marido, ainda tentou fazer o namorado desistir da discussão. Mesmo assim, Godofredo desceu do carro e assim que Carlos o recebeu na porta, os dois homens começaram a discutir. Ela disse que, apesar de ter ficado em pé ao lado do portão, não escutou bem o que eles diziam um ao outro nem como ocorreram os tiros. Ela apenas ouviu os disparos (um tiro atingiu de raspão a sua mão), e quando se deu conta, Godofredo já estava caído, do outro lado da rua.
Fuga
Um vizinho de Carlos, que preferiu não se identificar, contou que, ao ouvir os dois tiros, pensou que alguém tentava roubar os carros na garagem. Quando apareceu no canto da janela, viu Carlos do lado de fora, armado, pedindo que lhe desse fuga. "Ele estava com a arma na mão, mas não me ameaçou. Apenas me pediu para tirar meu carro e levá-lo embora dali. No Capão da Imbuia ele desceu e fugiu a pé", relatou. O morador disse que, apesar de não ter sido ameaçado, ficou com medo de negar a "carona", porque Carlos estava nervoso e armado. O perito Edmar Cúnico, da Polícia Científica, detectou apenas um tiro de revólver nas costas de Godofredo.