Os arrombamentos viraram notícia constante entre os moradores do bairro Cajuru, em Curitiba. As casas na área próxima à BR-277 são alvos de arrombadores mesmo durante o dia. Eles agem naturalmente e chegam a até colocar o carro na garagem da vítima para carregar os pertences roubados. Os moradores garantem que são sempre as mesmas pessoas que cometem os atos ilícitos. Além dos arrombamentos, a população ainda sofre com assaltos e roubos de carro.
As vítimas acreditam que os arrombadores observam a rotina dos moradores para depois entrar dentro das casas. Muitos casos aconteceram de uma a duas horas depois que a vítima saiu da residência. Observando, os criminosos conseguem ainda saber se existem resistências ao entrar na casa, como a presença de pessoas durante todo o dia, sistemas de segurança instalados, se as vítimas possuem filhos ou se a casa fica vazia por grandes períodos.
Há cerca de seis meses, o representante comercial Ivan Zanotto teve a sua casa arrombada. Saiu às nove horas da manhã e às 10h30 chegava a notícia do arrombamento. Tudo o que ele tinha de eletroeletrônicos foi levado pelos ladrões. Há um mês, aconteceu uma nova tentativa de arrombamento. Mas, desta vez, os vizinhos perceberam a movimentação estranha e acionaram a polícia. ?Infelizmente, há uma semana, o mesmo vizinho que avisou sobre a tentativa de arrombamento teve a casa arrombada. Levaram todos os eletroeletrônicos. Eles levam tudo: aparelho de som, televisão, aparelho de DVD, fax, computador, até aparelho codificador de televisão a cabo. Eu e o vizinho tivemos um prejuízo de R$ 8 mil, cada um?, comenta.
O servidor público federal Tomaz Clemente Carzino faz coleção de boletins de ocorrência. São 23. Entre eles está o do arrombamento de sua casa no Cajuru. Os ladrões levaram absolutamente tudo. Ele ficou apenas com a roupa do corpo. Tomaz ainda não obteve resposta da polícia sobre o incidente e reclama por providências. ?A única coisa que fica para a gente é o boletim de ocorrência. Não existe mais segurança e nós, cidadãos de bem, precisamos ficar dentro de casa o tempo todo?, comenta.
Os casos de Ivan e Tomaz são apenas dois dos vários que acontecem na região. Basta conversar com os moradores para encontrar mais pessoas que já foram lesadas pelos arrombadores. Os moradores -muitos deles preferem não ser identificados – acreditam que são sempre os mesmos criminosos que fazem os arrombamentos. Diante desta situação, os vizinhos já estão em alerta quando percebem movimentações estranhas. A intenção dos moradores do Cajuru é fazer um cadastro com os telefones dos habitantes para a comunicação de situações adversas. Ivan destacou o trabalho da equipe policial do Projeto Povo no Cajuru, que o atendeu rapidamente quando solicitou a presença dos policiais.
Além dos arrombamentos, os moradores do Cajuru, ainda reclamam de assaltos em estabelecimentos comerciais e roubo de carros estacionados na rua. Uma comerciante relata que foram quatro assaltos somente neste ano, além dos furtos de mercadorias e no caixa, em momentos de distração.
O major Douglas Sabatini Dabul, chefe da seção de planejamento do Comando de Policiamento da Capital da Polícia Militar, a integração entre vizinhos é um fator muito positivo nestes casos. Mas eles não podem se envolver diretamente para coibir a ação dos bandidos, o que pode agravar ainda mais a situação. Os vizinhos devem ligar para o telefone 190 ou diretamente para os policiais do Projeto Povo no bairro. ?Cada vizinho deve cuidar da casa do outro. É possível que os vizinhos criem uma movimentação diferente, como tirar o lixo da rua, o que pode impedir a ação de bandidos. Se os vizinhos perceberem elementos suspeitos nas imediações, eles devem acionar a Polícia Militar, que vai fazer uma verificação?, afirma. Dabul também anuncia que haverá um reforço no policiamento neste final de ano em toda a cidade, com policiais em formação e que atualmente ocupam funções administrativas.
O delegado Rubens Recalcati, da Delegacia de Furtos e Roubos, explica que a Polícia Civil tem procurado investigar todos os boletins de ocorrências. ?Evidente que é impossível atender todo mundo. Mas estamos procurando atender o maior número de pessoas possíveis?, conta. Recalcati comenta que os moradores do Cajuru que tiverem informações sobre os criminosos podem repassá-las pessoalmente para ele. ?As pessoas devem nos procurar, até mesmo para reclamar e cobrar o atendimento. Vamos ouvir todos?, revela.
A Delegacia de Furtos e Roubos fica na Avenida Afonso Camargo, 2239, no Jardim Botânico. O telefone do Projeto Povo no Cajuru é 9925-5122.
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