Operação especial desencadeada pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) com o apoio do Ministério Publico, resultou no desmantelamento da violenta quadrilha de assaltantes que vinha agindo em Curitiba e Região Metropolitana há alguns meses, atacando pessoas no momento em que saíam de agências bancárias. Cinco homens foram presos na última sexta-feira e outros três estão identificados e são procurados pela polícia. O grupo é responsável, por cerca de 30 assaltos, todos de grande valor e com o uso de muita violência. Dentre os crimes cometidos estariam dois latrocínios (roubos seguidos de morte) ocorridos em janeiro e fevereiro deste ano. A quadrilha estava aterrorizando vários bairros da capital e cometia os assaltos utilizando motocicletas. Os presos serão apresentados na tarde de hoje, na sede do Cope. Três deles são oriundos de São Paulo e há informações de que se trata de ex-policiais militares. O líder do grupo, inclusive, já tem antecedentes por roubo naquele Estado.

Crime

A quadrilha está sendo responsabilizada pelos grandes assaltos cometidos por motociclistas que abordavam suas vítimas logo após saírem de agências bancárias carregando altos valores. Segundo a polícia, eles eram muito bem organizados e agiam de maneira segmentada. Um quadrilheiro freqüentava constantemente as agências bancárias. Sempre bem vestido, ele chegava a fazer movimentação de cheques com valores grandes somente para ter acesso à tesouraria dos bancos. Desta maneira conseguia ver os clientes que retiravam grandes quantias do banco.

O “olheiro”, como é chamado, passava as características da pessoa – por telefone – para outros integrantes do bando que estavam do lado de fora. Quando o cliente saía com o dinheiro, era seguido até entrar no carro. O modelo do carro da vítima era então informado para outros cúmplices. Estes ficavam incumbidos de fazer a abordagem. O assalto sempre era cometido por dois homens em uma motocicleta. O restante do bando acompanhava a ação de carro, para dar cobertura.

Violência

A abordagem era feita de forma violenta. O garupa da motocicleta dava voz de assalto e se a vítima não fosse cordial ao entregar o malote com dinheiro, era baleada. Nas ações do grupo duas mulheres foram mortas e outras 11 pessoas feridas. A esta quadrilha é atribuída a morte da empresária Taciana Ábila, ocorrida em 15 de janeiro, e a de Ana Valeria Klagenberg, em 11 de fevereiro deste ano.

Devido aos vantajosos assaltos todos os integrantes do grupo levavam uma vida de alto padrão. Alguns têm casa em condomínios fechados e usam somente carros importados. Pelas investigações, somente na última semana cada quadrilheiro recebeu R$ 25 mil na divisão do dinheiro roubado. Foram realizados cinco assaltos neste período.

A organização era tamanha que a quadrilha tinha o cuidado de trocar de motocicleta a cada três assaltos. Eles vendiam as motocicletas para não chamar a atenção e assim dificultavam o trabalho da polícia. Há informação que o grupo trocou quinze motocicletas em casas de revenda de veículos em Curitiba.

Prisão

Os policiais do Cope só conseguiram realizar a prisão graças à ajuda dos promotores da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) e do juiz da Central de Inquéritos. Foram eles que autorizaram a emissão de mandados de busca e prisão contra o grupo e também a escuta telefônica.

A primeira pista obtida pelo Cope era a de que um veículo BMW sempre dava cobertura aos motociclistas durante os roubos. Através do grampo telefônico autorizado na última quarta-feira, algumas ligações foram monitoradas e assim informações sobre o grupo foram obtidas. Foi uma tarefa difícil pois os integrantes só se comunicavam em código. Na sexta-feira a polícia descobriu que a quadrilha realizaria um assalto no Parolin e se mobilizou para frustrá-lo.

Após o roubo, um dos integrantes foi cercado onde morava – na Rua Saldanha Marinho, no centro – mas conseguiu escapar. Percebendo que a polícia os apanharia a qualquer momento, os assaltantes resolveram fugir do Estado. O Cope monitorou esta ligação e realizou barreiras nas saídas do Estado. Na divisa entre Rio Negro (PR) e Mafra (SC), três carros foram apreendidos e os quadrilheiros presos. Dentro do BMW, em um fundo falso, foram encontradas armas, inclusive uma pistola ponto 40, provável arma que matou a empresária. A pistola foi levada à Polícia Cientifica para análise.

Em outras diligências foram apreendidas cinco motocicletas e mais nove carros, alguns deles importados.Também foram localizados radiocomunicadores e dezenove capacetes.

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