Foto: Átila Alberti |
Vítima foi enrolada em cobertor continua após a publicidade |
Ao retirar água do poço, situado no terreno de sua casa, na Rua Anne Frank, no Boqueirão, no final da manhã de ontem, Márcia Aparecida Plantes Dias levou um grande susto. Ela encontrou o corpo de Paulo Roberto Sgarde, 41 anos, enrolado em um cobertor. O homem estava desaparecido desde a noite anterior e seu carro – um Fiat Uno – foi encontrado na manhã de ontem, com manchas de sangue e ?depenado?, na mesma rua. Paulo foi morto com 20 golpes de faca.
Márcia contou que costuma retirar água do poço para lavar calçadas. Ontem, como faz normalmente, a mulher lavou roupas e, às 11h45, foi até o poço. ?Como tenho criança pequena, costumo colocar um tronco sobre a tampa, para que não aconteça um acidente?, explicou. Quando chegou, além do tronco de árvore, havia uma pedra em cima da tampa do poço.
Márcia estranhou, mas desceu o balde para puxar a água. ?Faço isso há 34 anos. Só que, quando o balde chegou lá em baixo, bateu em alguma coisa e fez um barulho diferente. Puxei e não veio água alguma.
Então resolvi olhar e vi aquele corpo, embrulhado, boiando?, relatou a mulher. Apesar do susto, Márcia fechou o poço novamente e voltou às atividades normais. ?Minha mãe é cardíaca e minha filha está grávida. Fiquei com medo de assustá-las?, justificou.
A mulher aguardou a filha sair e, às 12h20, telefonou para a Polícia Militar e avisou sobre o encontro. Ela acredita que o corpo tenha sido jogado dentro do poço por volta das 3h30, quando ouviu o barulho de um carro em frente a sua casa, e dos cachorros. ?Sempre coloco cadeado no portão, mas dessa vez esqueci. O mais estranho é que meus cachorros são bravos e não deixam ninguém entrar aqui?, relatou.
Caminho diferente
Tudo indica que os criminosos mataram a vítima dentro do Fiat Uno. Em seguida, enrolaram o corpo no cobertor e o levaram até o poço. Depois, pegaram uma pedra na rua e a colocaram em cima da tampa. Isso leva a polícia a acreditar que os autores do crime conheciam o local, já que o poço fica escondido entre duas casas do terreno.
A delegada Yara Dechiche, da Delegacia de Homicídios, contou que conversou com parentes de Paulo, no final da tarde de ontem. ?A vítima era trabalhadora. Segundo a família, ela era alcoólatra e já usou drogas, mas estava em período de abstinência?, contou a policial. Ela disse que, na noite de terça-feira, Paulo Roberto foi à casa de um parente e estava ?cheirando a álcool?. Devido ao seu estado, ele foi orientado a ir para casa, mas tomou um caminho diferente. Pela manhã, seus colegas de trabalho ligaram para saber o motivo que ele não tinha comparecido. Pouco depois, familiares receberam a notícia que o carro havia sido encontrado, e mais tarde o corpo. ?Apesar de terem roubado a bateria e a chave do carro, ainda investigamos se se trata de latrocínio (roubo com morte) ou homicídio?, disse a delegada. (VB)