Caçado matador de criança

"Tão ruim quanto ter um assassino à solta é prender um inocente", analisa o delegado Antônio Rocha, de Fazenda Rio Grande, referindo-se a Paulo Antônio Ferreira Pego, 22 anos, tido como um dos suspeitos pela morte de sua própria cunhada, Jaqueline Vestley de Lima, 10 anos. A garota foi encontrada morta na última sexta-feira em um matagal na Rua Paraíba, no bairro Estados, naquele município. A posição em que se encontrava o corpo, a nudez e o encontro de suas roupas e de uma cueca suja de sangue e esperma 20 metros adiante, denunciavam uma possível violência sexual. Paulo afirmou que a cueca era sua, porém disse nada ter a ver com o crime.

Ele colaborou com a polícia dando amostras de seu sangue, saliva e esperma, para exames. O resultado, divulgado ontem, mostrou que nenhum dos materiais colhidos do suspeito foi encontrado na menina. Porém, o delegado explica que a vítima e seu cunhado possuem o mesto tipo sangüíneo – O -, e por isso novos exames já foram solicitados. "Pediremos um detalhamento do DNA do Paulo e da Jaqueline, além do DNA do sangue encontrado na cueca, para confrontar os resultados", diz Rocha, que quer obter todas as provas possíveis para evitar o erro de prender alguém que não seja culpado pelo crime. Outro detalhe, revelado pelo médico legista ao delegado, é de que não houve violência sexual contra Jaqueline.

Cueca

Paulo explicou à polícia que foi pescar dias antes com os amigos. Rocha conta que uma prática muito comum na região é os pescadores tirarem a roupa e entrarem somente de cueca no riacho. Numa brincadeira entre amigos, muitos "somem" com a peça íntima dos outros colegas, e segundo Paulo, isso foi o que lhe aconteceu.

No dia em que foi buscar Jaqueline na escolinha esportiva (Projeto Segundo Tempo, da prefeitura de Fazenda Rio Grande), não a encontrando no local, resolveu procurá-la na casa das amigas que sempre a acompanhavam. Também não achando a menina com as amigas, resolveu seguir o caminho dela para casa, que incluía o pequeno carreiro no meio do mato, onde a menina foi encontrada morta. Aproveitando o trajeto, procurava tanto pela menina quanto pela cueca, quando se deparou com sua cunhada já sem vida.

Rocha explica que Paulo, apesar de suspeito, sempre demonstrou vontade em ajudar a polícia, colaborando com depoimentos e exames. "O Paulo tem um perfil caseiro, trabalhador. Buscar Jaqueline na escolinha foi um pedido de sua companheira. Nos depoimentos, ele não titubeou em suas palavras, demonstrando que poderia estar falando a verdade. Não estou dizendo que ele é inocente, pois trabalhamos com todas as possibilidades. Porém, ainda não consegui encontrar nele um comportamento que o incriminasse. Por isso não posso prendê-lo, ainda não tenho provas concretas", disse o delegado, um dia antes da divulgação dos resultados do exame, que revelou não haver vestígios de Paulo no corpo da garota. "Já temos outros suspeitos e estamos intimando um a um para depor", comenta Rocha, que preferiu não dar mais detalhes sobre as investigações.

Amigas dão depoimentos coesos

Na últimas duas tardes, cinco pessoas foram ouvidas pela polícia. A professora Juliana Mara dos Santos, que esteve com Jaqueline antes do crime, disse ao delegado Rocha que a menina era muito inteligente, participativa e entrosada com os alunos, desconhecendo qualquer problema de relacionamento que a garota tivesse. Diz a professora que naquele dia a menina estava alegre por ter passado de ano na escola. Ao final da tarde, às 16h30, Jaqueline beijou a professora e, ao se despedir, confirmou que voltaria na segunda-feira para as festividades de entrega do uniforme do Projeto Segundo Tempo.

Também foram ouvidas três meninas e um menino, colegas de Jaqueline, uma delas, a amiga mais próxima da vítima. Eles relataram que a garota aparentava estar normal, não demonstrando nervosismo ou preocupação no dia em que foi morta. A única coisa que Jaqueline relatou, durante a tarde, era que sua irmã, Aline, não poderia buscá-la naquele dia. Ao ir embora, o grupo, que mora em sentido oposto à casa da garota, saiu da escolinha e a viu pela última vez sozinha em frente a uma lanchonete, ao lado do ginásio esportivo. As crianças seguiram cada uma para sua casa e ficaram sabendo do ocorrido por volta das 19h. Todos os depoimentos, segundo o delegado Antônio Rocha, foram muito coesos, demonstrando que os depoentes estavam seguros de seus relatos.

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