A situação do cabo Alexandre Müller, preso terça-feira (18) à noite, pode ficar mais complicada. Além de ser investigado por três execuções no Jardim Jurema, em São José dos Pinhais, ele pode voltar a ser investigado em outro inquérito que tramita na Delegacia de Homicídios (DH). Müller foi citado na investigação do coronel Jorge Luiz Thais Martins, do Corpo de Bombeiros, suspeito de nove homicídios no Boqueirão entre o final de 2010 e começo de 2011.
O delegado Cristiano Quintas, da DH, confirmou que além do cabo Müller, outros nove policiais foram investigados no inquérito do coronel Martins. No entanto, nenhuma prova foi levantada contra eles. Pelas investigações, o matador não agiu sozinho. “Apresentamos fotografias de todos os policiais citados no inquérito para que testemunhas fizessem o reconhecimento. Mas todas reconheceram somente a foto do coronel”, explicou Quintas.
Descrições
Pelas descrições das testemunhas e sobreviventes, o segundo assassino tem característica de policial. O inquérito foi devolvido do Ministério Público, com pedido de aprofundamento nas investigações acerca dos policiais citados como suspeitos. Na próxima semana, Quintas deverá voltar a trabalhar no caso.
Meses antes da série de homicídios no Boqueirão, o filho do coronel Martins, o estudante Jorge Guilherme Marinho Martins, 26, foi assassinado num assalto no bairro, em 22 de outubro de 2009. O crime teria sido cometido por usuários de drogas da região. Segundo boatos, o coronel quis vingar a morte do filho, assassinando viciados e traficantes do bairro.
Silêncio
O cabo Müller foi preso na noite de terça-feira e interrogado ontem sobre o assassinato de Marcos Emanuel Batista Xavier, 16 anos, ocorrida domingo. Várias testemunhas o apontaram como autor dos tiros, que também feriram Elisiane Oliveira Dias, 21. O policial permaneceu em silêncio no interrogatório e disse ao superintendente Clovis Pinheiro que só irá se pronunciará em juízo.
O policial e mais um colega são investigados por outras duas mortes no Jardim Jurema em supostos confronto. No entanto, o Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, recebeu denúncias que os casos podem ser execuções. A dupla teria matado, em 17 de janeiro, Elias de Oliveira Reis, o “Diego”, e , cerca de duas semanas depois, Júlio César de Lima. O Gaeco solicitou mandado de prisão contra a dupla de policiais, mas o pedido foi negado pela Justiça.