A vida de um cabeleireiro, de 35 anos, tem sido atormentada por uma onda de violência nas últimas semanas. Vítima de dois seqüestros relâmpago, somente neste mês, o homem procurou a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), na manhã de ontem, para tentar pôr fim ao que acredita ser perseguição.
A polícia espera receber ajuda da população para chegar aos marginais e tranqüilizar a família do cabeleireiro.
O primeiro susto aconteceu por volta de 14h30, do dia 1.º, um sábado. O homem, que prefere não ser identificado, saía de um posto de combustíveis em sua motocicleta, quando foi parado por um veículo Escort preto, a poucas quadras de sua casa, no Bacacheri. Rapidamente, dois indivíduos em uma moto o abordaram e o colocaram no carro. ?Disseram que iriam me matar se eu não lhes desse dinheiro?, relatou.
Caixa
Depois de horas rodando pelas ruas, a vítima teve de pedir auxílio à sua mulher, já que não carregava dinheiro nem cartões. ?Eles a mandaram ir até uma agência do Banco Itaú, na Avenida Professor Erasto Gaertner, onde retiraram R$ 240, que era o limite da máquina?, disse. Porém, a ação dos marginais continuou e a vítima foi novamente colocada no carro, enquanto a mulher foi liberada.
Somente no início da manhã seguinte, por volta de 6h, o homem foi deixado próximo ao trevo do Atuba. ?Todo esse tempo, fiquei preso em uma casa vazia, com uma arma apontada para mim. Enquanto isso, eles rodaram com minha moto?, lembrou. A polícia suspeita que os marginais tenham usado o veículo da vítima para cometer algum tipo de crime.
Ontem
Na madrugada de ontem, mais horas de pavor. O cabeleireiro foi novamente seqüestrado, desta vez quando estacionava seu veículo Fox em frente a um posto de saúde, no Boa Vista. Embora os marginais estivessem com o rosto descoberto, a vítima não conseguiu perceber se eram os mesmos do crime anterior, mas reparou que a motocicleta era parecida. ?Queriam que os levasse até minha casa, mas eles desistiram?, contou.
Novamente com uma arma apontada para a cabeça, o homem foi colocado no porta-malas do carro, onde permaneceu por cerca de quatro horas. ?Só ouvia o barulho de eles retirando os equipamentos eletrônicos do carro. Depois, percebi que eles conversavam com outras pessoas, negociando o material roubado?, acrescentou a vítima.
Após alguns minutos de silêncio, o homem conseguiu abrir o porta-malas e percebeu que estava abandonado na Rua Leopoldo Appel, próximo ao Parque do Embu, em Colombo.
Delegado diz que população pode ajudar
O delegado Rubens Recalcatti, titular da DRF, afirmou que é possível que a vítima tenha sido perseguida pelos mesmos assaltantes, porém irá investigar o caso. Durante os seqüestros, os bandidos permitiram que a vítima ligasse para casa, de telefones públicos, para dizer que tudo estava bem. De acordo com a polícia, os números indicam que são telefones localizados na região do Boa Vista. ?Caso alguém saiba de alguma coisa, pedimos que informem à polícia pelo telefone (41) 3262-2800?, solicitou o delegado.