Vítima do acaso, a rotina do cabeleireiro Geovani Nunes da Silva, 39 anos, foi brutalmente interrompida na tarde de ontem. Enquanto cortava o cabelo de uma cliente, ele foi atingido nas costas por uma bala perdida, disparada durante um assalto que acontecia numa farmácia do outro lado da rua. Geovani tombou morto dentro do salão de beleza, situado na esquina das ruas João Bettega e João Raphael Machado, Cidade Industrial de Curitiba.
Era 14h30 e o cabeleireiro trabalhava em seu salão, como fazia diariamente há 10 anos. De costas para a janela, de frente à Rua João Bettega, ele cortava o cabelo de uma mulher, quando inesperadamente foi baleado. Geovani chegou a dar alguns passos, mas não resistiu e morreu antes da chegada de socorro, caindo em frente ao lavatório.
Segundo Vladmir Nunes da Silva, irmão da vítima, o salão já foi assaltado cerca de cinco vezes, mas o cabeleireiro nunca reagiu aos marginais. "É um absurdo! Enquanto os bandidos estão soltos, os trabalhadores morrem de graça", disse indignado.
Contradições
Policiais militares e das delegacias de Homicídios e Furtos e Roubos estiveram no local, onde recolheram informações contraditórias sobre o crime. Segundo os funcionários da farmácia, situada em frente ao salão de beleza, dois homens invadiram o local, um deles armado, e deram voz de assalto aos funcionários. Um dos clientes teria se apavorado, escorregado e caído sobre as prateleiras. Naquele momento, os bandidos se assustaram e fugiram correndo com o dinheiro, disparando o tiro que atingiu o cabeleireiro. Porém, os moradores da região, que se aglomeraram no local, contaram outra versão. Segundo os populares, a farmácia já foi assaltada várias vezes e o filho do dono do estabelecimento foi quem sacou uma arma e atirou para afugentar os bandidos. Quando os dois marginais correram em direção ao salão de beleza, onde um terceiro bandido aguardava a dupla dentro de um Kadett de cor prata, o filho do proprietário da farmácia teria atirado, atingindo Geovane. Os policiais irão investigar as duas versões do crime. O cabeleireiro tinha três funcionários e era pai de um bebê de seis meses.