Armas biológicas

Brasil não está preparado para conter ataques bioterroristas

Além de não ser uma realidade tão distante quanto se imagina, o Brasil não está preparado para evitar ataques bioterroristas. Pelo menos foi essa informação que os policiais militares do Esquadrão Antibombas de Curitiba receberam durante um treinamento feito pelo Mestrado em Biotecnologia da Universidade Positivo, nesta segunda-feira (27).

Ao contrário de potências como Rússia, Estados Unidos e Japão, o Brasil não possui sequer laboratórios com a segurança necessária para a manipulação de micro-organismos como Ebola, Varíola, Antraz e alguns outros que podem ser utilizados como armas de destruição em massa.

A afirmação foi feita pela coordenadora do Mestrado, Leila Teresinha Maranho. Mas não é pra ficar assustado e pensar em mudar de país, pois a informação – embora importantíssima – foi passada em caráter explicativo durante o primeiro dia de treinamento sobre bioterrorismo que os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de Curitiba receberam.

Inédito

O curso que os policiais receberam é o único no Brasil. O grupo selecionado de policiais pôde ver um pouco dos conceitos teóricos específicos de cada assunto relacionado ao bioterrorismo e também alguns tipos de doenças causas por estes ataques.

Formado através de pesquisas feitas especificamente para o trabalho feito pelos policiais, que lidam com situações de intenso risco, o curso foi também uma forma de fazer com que os policiais dividam conhecimento e mostrem um pouco do que já vivenciaram.

Na sexta-feira (31), todos eles devem trabalhar em ações práticas, em laboratório. Todas as aulas são ministradas no câmpus Ecoville da Universidade Positivo, em Curitiba.

Alerta 

O curso que os policiais receberam é o único 
no Brasil. Foto: Divulgação.

A informação de que o Brasil não está preparado para conter ataques terroristas que envolvam o bioterrorismo assusta, mas ao mesmo tempo não está fora do que acontece em outros países. Isso porque, segundo o capitão Oliveira, do Esquadrão Antibombas da PM, é tudo muito novo.

“O mundo só começou a se atentar para ataques terroristas civis após o 11 de setembro. Foi depois disso que passamos a considerar que os próximos atentados serão com utilização de armas de destruição em massa, seja com agentes químicos, biológicos ou nucleares”, explica.

De acordo com a especialista e coordenadora do Mestrado, o Brasil sofre com instalações mal preparadas para atender a surtos. Também não possuímos grandes variedades de vacinas para conter micro-organismos e agentes de saúde mal preparados para o atendimento e o fornecimento de informações à população.

E para quem pensa que o terrorismo passa longe, Leila garante que há mais casos de bioterrorismo no Brasil do que se imagina. “Entenda-se por bioterrorismo o uso de armas biológicas para criar pânico, insegurança, medo e traumas coletivos”, explica.

Para combater esse tipo de ataque, a especialista afirma que é preciso uma série de medidas, entre as principais estão: a socialização de informações, a disseminação de conhecimento e a capacitação de todos os profissionais envolvidos em situações de primeira resposta. Essa é a intenção do curso feito aos policiais, que estão diretamente ligados às situações de risco.

“O processo é um caminhar – e nós estamos dando os primeiros passos. Procuramos respostas para perguntas que exigiam fundamentação teórica. Não adianta termos, toda estrutura de resposta, sem conhecer o básico. Por isso, viemos à universidade em busca da construção do conhecimento científico”, disse o tenente Lauro Sperka Júnior.

Foto: Divulgação.
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