Bonachão confessa a morte de frei, mas é solto

Admitindo ter tido um relacionamento homossexual com um frade de 82 anos, o engraxate Valdelírio Benedito de Souza, conhecido por “Neguinho Mico”, 19, surpreendeu, ontem pela manhã, os policiais da Delegacia de Homicídios, ao se apresentar na especializada, espontaneamente, afirmando ter assassinado o ancião por estrangulamento.A estranha e assustadora história tem como vítima o octogenário frei Nicolau Rodolfo Wagner, cujo corpo foi encontrado nu em um quarto de hotel, em União da Vitória, na madrugada de quinta-feira.

Sem que ninguém esperasse, “Neguinho Mico” procurou sozinho a delegacia, em Curitiba, e contou detalhes do assassinato, chegando inclusive a fazer ironias sobre a forma como o praticou. Ele revelou que mantinha um caso amoroso com o frei há cinco anos, mas que já “não estava mais gostando da cara dele”. Depois de uma discussão no quarto de hotel, usou uma meia para estrangular a vítima.

Apesar da gravidade do fato, “Neguinho” foi ouvido pelo delegado Jaime da Luz e como se apresentou, após o interrogatório foi colocado em liberdade. Sua confissão deverá ser encaminhada à delegacia de União da Vitória, que instaurou o devido inquérito para apuração do crime.

Risos

Muito à vontade na delegacia, rindo e fumando, “Neguinho” não demonstrou nenhum arrependimento pelo crime. Disse que matou para proteger sua “reputação”, pois estaria sendo coagido pelo frei a continuar o relacionamento sexual, sob ameaça de que os encontros seriam revelados ao pai do acusado. “Ele estava fazendo chantagem comigo. Se apenas batesse nele, mais tarde iria me incomodar”, argumentou o autor, que atreveu-se inclusive a dar um “conselho” para os jovens, para que “não aceitem dinheiro de qualquer pessoa e não saiam matando padres por aí”.

De acordo com o que foi registrado pela polícia, frei Nicolau morava no Rio de Janeiro, mas havia trabalhado durante anos na paróquia de União da Vitória. Na cidade conheceu “Neguinho”, que era engraxate e estava com 14 anos. A partir de então, o rapaz passou a dizer que tinha um “relacionamento amoroso” com o frei, porém, como o julgavam com problemas mentais, nunca deram crédito à afirmação. Nos últimos meses o frei esteve na cidade por quatro vezes, e em todas elas se hospedou no Hotel Casa Verde, na Rua Carlos Cavalcanti, no centro. Nestas ocasiões teria recebido a visita de “Neguinho”. De acordo com o investigador Taliano, da delegacia local, na última visita o acusado foi buscar o frei na rodoviária.

Morte

Na quarta-feira a vítima mais uma vez se hospedou no hotel e recebeu “Neguinho” no quarto que ocupava. O assassino teria ficado até às 3h do dia seguinte com a vítima, quando então acordou o proprietário do estabelecimento e pediu que fosse aberta a porta, para que pudesse sair. Como isso já havia ocorrido outras vezes, o dono do hotel não suspeitou de nada e permitiu a saída do acusado. Na manhã seguinte, por volta das 7h, uma pessoa procurou o frei no hotel. Foi até o quarto e ao encontrar a porta encostada, bateu algumas vezes. Sem obter resposta, entrou e encontrou o corpo nu da vítima em cima de uma das duas camas de solteiro, com uma meia enrolada no pescoço. A polícia foi acionada, em seguida e imediatamente passou a suspeitar de “Neguinho”, que havia sido a última pessoa a estar com o frei.

Ainda segundo o investigador Taliano, o quarto do hotel é pequeno e uma das camas estava revirada e suja de sangue. Na outra, que permaneceu arrumada, estava o corpo. “O assassino deve ter colocado o cadáver ali”, explicou o policial.

Após o assassinato, “Neguinho” fugiu para Curitiba e de forma inesperada apresentou-se na Delegacia de Homicídios, ontem pela manhã, e confessou ser o autor do crime. Possivelmente, ele terá a prisão preventiva solicitada à Justiça pela polícia.

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