O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o “Carlinhos Cachoeira”, não compareceu ontem ao Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), onde deveria depor sobre a licitação que escolheu a empresa Larami para controlar o serviço de loterias on-line do Paraná, em 2001. Através de um requerimento assinado pelos advogados Raimundo Hermes Barbosa e Jeovah Viana Borges Júnior, “Cachoeira” alegou que não poderia vir a Curitiba, já que, envolvido diretamente no caso Waldomiro Diniz, temia por sua integridade física. O requerimento solicita que o depoimento seja dado por carta precatória, em Anápolis, interior de Goiás, onde ele mantém residência.
O delegado operacional do Nurce, Nailor Robert de Lima, explicou que só no início da próxima semana que decidirá como será o depoimento de “Cachoeira”. “Podemos insistir com outra intimação, ou, o que acho mais viável, eu mesmo me deslocar até lá para ouvi-lo”, afirmou, sem descartar a possibilidade de tomar o depoimento via carta precatória. “Vamos ter que conciliar a agenda, verificar quem é a autoridade que pode ouvir “Cachoeira” em Anápolis, e só depois decidir o que fazer”, explicou.
Lima destacou que a investigação busca saber detalhes do gerenciamento da Larami e da participação da Brazilian Games Partner Empreendimentos, empresa de “Cachoeira”, no crescimento do capital social da Larami. Dias antes da licitação, a empresa que tinha capital social de apenas R$ 5 mi, teve esse valor aumentado para R$ 600 mil. A exigência do edital de licitação era de um capital social mínimo de R$ 500 mil. “Também vamos ouvir os outros sócios da Larami e as pessoas que estavam no Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar) à época”, disse. Lima explicou que do inquérito pode resultar ações contra os envolvidos. A lei de licitações, por exemplo, prevê em caso de comprovada fraude na realização desses processos, pena entre 2 e 4 anos. “Isso sem contar outros crimes que podem ser descobertos no decorrer da investigação”, lembrou.