O juiz Pedro Luiz Sansão Corati, da Central de Inquéritos, decretou a prisão temporária por 30 dias do advogado Roberto Bertholdo, ex-conselheiro da Itaipu Binacional, cargo a que foi obrigado a renunciar após um escândalo. Ele é acusado de torturar, extorquir e manter em cárcere privado seu ex-sócio, Sérgio Renato Costa Filho, no dia 17 de janeiro deste ano, no escritório Bertholdo Costa, no Batel. Os laudos das agressões já foram concluídos e anexados ao inquérito policial, presidido pelo delegado Rubens Recalcatti e acompanhado pelo promotor Domingos Fonseca. Até a tarde de ontem o advogado continuava foragido.

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De acordo com os depoimentos de Costa no inquérito policial, ele ficou em cárcere privado durante 14 horas, sendo espancado durante todo o tempo. O advogado afirma que foi algemado e que os seguranças do escritório participaram da tortura. Enquanto Costa permaneceu no escritório, foi obrigado a assinar diversos documentos e foram transferidos R$ 900 mil, em espécie, de sua conta bancária. Na sessão de tortura, Costa teve dois dentes quebrados. Na época, o advogado da vítima, Rolf Koerner Júnior, comentou que além da crueldade usada contra seu cliente, ainda foram feitas alterações contratuais e transferências de sua conta bancária. Segundo o defensor, tudo está evidenciado no laudo.

Em seu depoimento, Sérgio Costa disse que ouviu a voz do presidente da subseção de Curitiba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Michel Saliba, no escritório. Saliba confirmou que esteve no escritório, antes de ser preso na Operação Big Brother, desenvolvida pela Polícia Federal, na qual é acusado de integrar uma quadrilha que pretendia fraudar os cofres públicos. Segundo informações, Saliba teria ouvido os gritos de Costa e, mesmo sendo membro da OAB, nada teria feito. No inquérito, uma testemunha relata que viu Michel Saliba no prédio, naquele dia.

De acordo com informações, Bertholdo tinha alguns negócios em comum com Saliba, inclusive já havia passado vários subestabelecimentos (procurações) para Saliba, nas quais ele era o procurador. Até mesmo um dos clientes mais famosos de Bertholdo, Tony Garcia, estaria sendo atendido por Saliba, até ele ser preso pela Polícia Federal.

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Após as 14 horas de tortura, o advogado Roberto Bertholdo levou o sócio Sérgio Costa até o hospital e o internou, informando que Costa havia sido vítima de roubo.

O laudo pericial está ilustrado com fotos e há detalhes minuciosos, como marcas de que a vítima foi realmente algemada e foram colocadas cordas em seu pescoço.

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