Um acidente doméstico transformou-se em tragédia e dor para uma família, no Atuba, no início da noite de quarta-feira. Depois de buscar a filha no colégio, Antônia Alves encontrou o outro filho, Rodrigo Alves de Campos, de um ano e três meses, afogado em um balde, dentro do banheiro. Este é o segundo filho que a mulher perde, vítima de acidente doméstico. Há quatro anos, seu filho de quatro meses morreu sufocado, quando dormia na mesma cama com um irmão.

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Por volta das 18h15, Antônia saiu de sua casa, na Rua Arnoldo Wolff Gaensly, para buscar a filha na escola. O bebê ficou com o irmão de 13 anos. Quando voltou, a mãe notou a falta da criança e começou a procurá-la junto com os outros filhos. Ao abrir a porta do banheiro, a mulher encontrou o garotinho afogado em um balde. Desesperada, Antônia apanhou a criança, que respirava com muita dificuldade, e a levou até o Posto de Saúde 24h, do Boa Vista. Assim que foi internada, a criança morreu.

Ontem o bebê foi velado em casa, e os pais contavam com o consolo de amigos e parentes. Bastante abalada com a fatalidade, Antônia não quis dar entrevistas.

De acordo com o delegado Adonai Armstrong, titular da Delegacia de Homicídios, em casos de acidentes domésticos com mortes, os pais ou responsáveis geralmente não são punidos. ?De acordo com a nossa legislação, presume-se que a dor da perda de um filho é superior a qualquer pena legal que os pais possam pagar, como a prisão.? Segundo o delegado, que assumiu a delegacia especializada em janeiro deste ano, este é o segundo caso de acidente doméstico, que resultou em morte, registrado em Curitiba.

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Perigo em 2,5 centímetros de água

Entre os motivos das mortes acidentais envolvendo crianças, o afogamento está em segundo lugar, perdendo apenas para os acidentes de trânsito. De acordo com Alessandra Françoia, coordenadora regional da organização não-governamental Criança Segura – regional Curitiba -, o índice de sobrevivência em casos de afogamento é praticamente nulo. ?É uma morte silenciosa. Depois que a criança perde a consciência, restam apenas seis minutos para salvá-la, fazendo massagens respiratórias e respiração boca a boca. Muitas pessoas não sabem como proceder os primeiros-socorros, por isso é imprescindível a prevenção?, explicou Alessandra.

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Ainda de acordo com a ong, as crianças – especialmente as mais novas – podem se afogar em apenas 2,5 centímetros de profundidade. Ou seja, elas correm o risco também em piscinas infantis, banheiras, baldes, vasos sanitários, entre outros recipientes considerados rasos. Isso geralmente acontece porque, diferentemente dos adultos, as partes mais pesadas do corpo da criança pequena são a cabeça e os membros superiores. Por isso, elas perdem facilmente o equilíbrio ao se inclinarem para frente, e, conseqüentemente, podem se afogar nesses locais.