Um recém-nascido, ainda com o cordão umbilical, foi encontrado, por volta das 7h15 de ontem, em meio a entulhos, na Rua Marte, Xapinhal, no Sítio Cercado. O bebê foi resgatado por policiais militares e encaminhado ao Hospital do Trabalhador.
Uma auxiliar de escritório que estava a caminho do trabalho escutou o choro abafado da criança, vindo de uma sacola de supermercado no meio do lixo na beira da rua, ao lado de um colchão e dois sofás.
Divulgação |
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Silvestre foi “anjo da guarda”. |
Os soldados Luiz Silvestre Ortiz e Rogério Lourenço Guidi, que estavam na região para atender outra ocorrência, chegaram em poucos minutos. Segundo apurado por Silvestre, o bebê teria nascido de madrugada, por volta das 3h.
“A criança estava morrendo, sem reação. Não conseguia nem chorar. A intenção de quem abandonou o bebê era mesmo matá-lo”, contou emocionado o soldado Silvestre. “Pensei em chamar o Siate, mas o bebê morreria até o socorro chegar”.
Urgência
Rapidamente, Silvestre pegou a criança nos braços e sentou-se ao lado de seu companheiro de serviço, que dirigiu a viatura até o hospital. No caminho até a maternidade, ele realizou os primeiros socorros.
“Liguei a sirene e pedi prioridade. Tentei colocar o bebê dentro da minha jaqueta, mas arrebentei o zíper. Coloquei-o então entre as pernas e fiquei esfregando a criança para aquecê-la”, contou.
Na maternidade, em homenagem ao policial “anjo da guarda”, o bebê seria batizado de Silvestre ou Miguel, que significa “aquele que se parece com Deus”. “Não tenho filho, mas queria muito poder adotá-lo”, comentou o soldado.
O bebê não corre risco de morte e ficará até quinta-feira internado em observação, no centro obstétrico. Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde, o menino passou por pequena cirurgia para a remoção do cordão umbilical e recebeu soro.
Como ele foi encontrado com o cordão arrebentado, perdeu muito sangue e também precisou de uma transfusão. Os médicos supõem que o parto não tenha sido feito em nenhum centro hospitalar.
Investigação
A investigação do paradeiro da mãe da criança ficam a cargo da Policia Civil. Segundo o soldado Silvestre, muitos usuários de droga vivem na região onde o recém-nascido foi abandonado.
Ontem pela manhã, vizinhos se mostraram surpresos. “Por que a pessoa não doa a criança em vez de fazer isso?”, questionou Silvana Demenzuk ao lado de seus dois filhos pequenos.