Catadores atacados

Barracões de materiais recicláveis são alvo fácil para ladrões

Os barracões Ecocidadão, responsáveis por reunir e separar materiais recicláveis coletados nas ruas, não escapam da ação de bandidos. O da Vila Pantanal, Alto Boqueirão, por exemplo está há quase um mês sem funcionar devido a incêndio criminoso, sem falar em roubos e assaltos que prejudicam também outras unidades. Porém, depois de reunião na Câmara de Curitiba, novas ações serão implantadas para diminuir a ocorrência de crimes.

No Ecocidadão da Rua Angelina Legat Pasini, Vila Pantanal, no começo do ano foram roubados uma balança, uma caixa de luva, um carrinho e uma caixa de fitilho. Cerca de duas semanas depois, o depósito foi queimado e parte do material, destruída. “Precisamos de uma balança e que as portas e o espaço sejam recuperados o quanto antes. Além de mais segurança”, destacou Geomar João Chaves, 52 anos, que preside o barracão desde o início das atividades há mais de um ano. São entre 10 e 12 catadores que, em média, deixaram de ganhar entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil por conta dos estragos.

Ameaças

Os trabalhadores do Ecocidadão do Osternack estão com medo. Em dois meses, o local foi assaltado cinco vezes e os catadores de materiais recicláveis ficaram sob a mira de armas. Em uma delas, a presidente da Associação Projeto Mutirão, Sandra Lemos, foi agredida.

Além da dor física que persiste até hoje, Sandra convive também com a insegurança e as ameaças que vem sofrendo dos bandidos. “Toda vez que o telefone toca ou quando chega alguém no portão ficamos com medo”, lamenta Sandra. “Quando eles saem daqui, dizem que vão voltar e a cada vez o grupo aumenta. Eles dizem que não vemos eles, mas que eles nos veem”.

Nas vezes em que os trabalhadores estavam no local, os assaltantes levaram o dinheiro que pagaria pelo serviço e pertences pessoais. O prejuízo já passou de R$ 1 mil, sem contar materiais que foram danificados e destruídos.

Mesmo com o prejuízo material, Sandra teme pela continuidade do projeto, que é a garantia de renda a dezenas de famílias. “Meu maior medo é ter que baixar as portas e deixar as famílias desamparadas. As pessoas que trabalham aqui precisam disso, tem gente que vem de Araucária, da Vila Verde”, disse. Ao todo, 45 catadores fazem parte da associação e mais de 150 pessoas dependem indiretamente do trabalho realizado no local.

Soluções

Na segunda-feira da semana passada, durante reunião na Câmara, entre representantes dos coletores, do Instituto Pró-Cidadania, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, da Guarda Municipal, da área de segurança e vereadores, ficaram definidas novas ações para melhorar a segurança dos barracões. Os presidentes das associações foram orientados pela guarda a evitar manipular de dinheiro nas unidades, além de receber outras dicas de segurança. Reformas nos barracões foram anunciadas.

“Pelo que nos informaram, até a semana que vem nosso barracão volta a operar. A guarda municipal vem fazendo visitas diárias e nossa sensação de segurança aumentou. Se continuar dessa maneira, acredito que o problema será minimizado”, disse Geomar João Chaves Filho, presidente da Associação de Catadores das Moradias Pantanal.

A Polícia Militar disse que irá intensificar o policiamento nas regiões dos barracões e a Polícia Civil pediu os boletins de ocorrência para avançar nas investigações. O videomonitoramento, pedido pelos coletores, deverá ser feito em parceria com empresas de segurança, já que não há como instalar equipamentos em todas as unidades do Ecocidadão.

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