Depois dos dias de glória que lhe proporcionou o comando do mais conhecido bordel de Curitiba (freqüentado por autoridades e políticos), e dos dias amargos vividos em celas de cadeias da capital paranaense e de Piraquara (quando então foi abandonada pelos antigos amigos), Mirlei de Oliveira, que ficou conhecida como ?Baronesa do Sexo?, deu uma virada radical em sua vida. Morando em São Paulo (capital) e estudando Direito no Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero), ela quer apagar da memória o antigo apelido ou passar a ser conhecida como a ?Baronesa dos filhos de presidiários?.
Há dois meses surgiram boatos de que Mirlei havia morrido. Ela, ao ser solta pela Justiça por decurso de prazo, depois de passar meses presa pelas acusações de extorsão, favorecimento a prostiuição, manutenção de casa de prostituição e tráfico de mulheres, foi morar em São Paulo. Deixou o novo endereço apenas para pessoas mais íntimas e resolveu investir em sua própria cultura, voltanto a estudar. Ao saber que estavam dizendo que havia morrido, chorou muito e tratou de desmentir o boato. ?Estou viva e cheia de planos. Aprendi muito durante o tempo em que estive presa. Descobri que a gente acha que sabe das coisas, mas na verdade não sabe nada. Então voltei a estudar?, disse ela ontem, em entrevista por telefone. Mirlei também conversou com o repórter da Rádio Banda B.
Dias de dor
Ao falar do tempo em que esteve presa (foi detida em Camboriú – SC – em 25 de setembro de 2005), depois de ter sido denunciada por uma ex-garota de programa, Mirlei diz que passou por um grande aprendizado. ?Foi por Deus que me fez parar na cadeia. Lá, conheci a importância da vida?, revela.
Recolhida em uma cela com uma jovem de 22 anos que estava com aids e que, apesar de presa há 4 anos, ainda não havia sido julgada, ela se sensibilizou e colocou seu advogado à disposição da garota. Uma semana depois, a jovem teve audiência com o juiz e foi colocada em liberdade. ?Sei que pude ajudá-la. Disse inclusive que tenho amigos nos Estados Unidos que poderão ajudá-la também?, comentou.
Depois desta experiência generosa, Mirlei foi para outra cela, compartilhada com uma jovem mãe de quatro crianças pequenas (de 8, 6, 4 e 2 anos) que passavam necessidades. Ela pediu que alguém fosse confirmar a história da jovem e descobriu ser verdadeira. Ficou sensibilizada e ajudou as crianças.
Planos
Ao chegar em São Paulo, resolveu dar uma guinada na vida. Montou um projeto para ajudar filhos de presos. Conforme revelou, irá transformar sua chácara – Rua Galileu Galilei, Alto Maracanã, em Colombo, onde funcionou sua casa de prostituição – em um centro de atendimento a crianças. ?Quero dar assistência aos filhos de presos. Juntar a criançada e colocar numa boa escola – particular – e acompanhar a formação delas até a universidade. As mães, quando saírem da cadeia, se quiserem morar na chácara, poderão ficar, sem qualquer preconceito?, assegurou. Hoje funciona um bailão no local.
Mirlei prometeu enviar o projeto completo para que seja divulgado e diz que contará com a ajuda de todos para colocá-lo em andamento. ?Quero ajudar as crianças para mostrar que tenho caráter e que tenho decência?, finalizou.