Uma quadrilha acusada de ter cometido dezenas de assaltos a estabelecimentos comerciais, residências e chácaras em cidades da Região Metropolitana e também em Curitiba, foi presa na manhã de ontem, por policiais da delegacia de São José dos Pinhais. Com o grupo foi recuperado um Uno -que havia sido levado em uma das ações criminosas – e três revólveres. Os detidos negam participação nos assaltos. Contra o grupo ainda pesa a acusação de um duplo homicídio ocorrido na noite da última quarta-feira, na Rua Lucie Laval, Jardim Nemari III, em Borda do Campo, São José dos Pinhais. Os dois homens executados seriam integrantes da quadrilha. Os detidos durante a operação policial são: Everson Luís Piciani, o "Biro", 26 anos; Liverson Rodolfo de Lima, 24; Adilson Fatore, 31; João Carlos dos Reis, 42; Leli Daiana de Oliveira, 22, e Renata Cola Bonifácio, 20. Três menores, uma garota e dois rapazes, também foram apreendidos.
De acordo com o delegado Osmar Dechiche, a quadrilha é formada por um número ainda maior de homens, sendo que outros seis integrantes já foram identificados e estão sendo procurados. Dentre eles, estaria o líder do grupo, conhecido por "Paulista".
Bem organizada e devido ao grande número de componentes, a gangue se dividia em três ou quatro grupos menores para cometer os delitos. "Eles não tinham alvos definidos. Roubavam casas, chácaras e estabelecimentos comerciais em Curitiba e Região Metropolitana. Acreditamos que tenham envolvimento em mais de 50 roubos", afirmou o delegado. Somente na tarde de ontem, integrantes do grupo já haviam sido reconhecidos por testemunhas em pelo menos cinco assaltos em Piraquara e São José dos Pinhais. Pelos dados da polícia, os alvos foram um mercado no Jardim Santos Dumond, em São José, de onde foi levado um Celta; uma loja de materiais de construção, em Borda do Campo, na qual arrecadaram um Santana e dinheiro; e ainda uma chácara, um laticínio e um haras, todos em Piraquara. Destes locais eles levaram um Monza, um Ecosport, uma Brasília, um Uno, um Gol e dinheiro.
Prisão
A polícia dispunha da informação de que o grupo pretendia agir na noite de quinta-feira e iniciou monitoramento. O alvo escolhido foi uma chácara em São José dos Pinhais. Após renderem o chacareiro, os marginais se apoderaram de uma Kombi e mais dez carneiros, que foram colocados dentro do veículo. Depois do crime, de acordo com o delegado, eles se reuniram na casa de um dos envolvidos, onde deixaram as armas e posteriormente retornaram às suas residências.
Às 4h teve início a operação policial que perdurou até as 11h. Durante esse período, ocorreram as prisões nas casas dos suspeitos, no Jardim Santa Fé e na Vila Iná.
Antecedentes
Everson já cumpriu pena de seis anos na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, e é considerado pela polícia um dos líderes do grupo. Com ele foram apreendidos três revólveres e munição. Liverson é condenado por assalto e evadido da Colônia Penal Agrícola. Em seu poder estavam dois carros que eram utilizados nos crimes, mas em situação legal. Adilson foi preso pela receptação de uma Kombi roubada e João pela posse de um Uno, também roubado. Leli e Renata são namoradas de dois detidos e a participação delas está sendo investigada, pois há informação de que mulheres teriam envolvimento direto em alguns dos crimes.
O delegado solicita às vítimas que reconhecerem integrantes da quadrilha para que procurem a delegacia de São José dos Pinhais e formalizem a queixa. Informações podem ser obtidas através do telefone 283-5868.
Ordem para matar
Antônio Siqueira e João Sérgio de Almeida foram mortos por integrantes da quadrilha recém-capturada, a mando de "Paulista", no final da noite de quarta-feira, em Borda do Campo, São José dos Pinhais, por vingança. De acordo com o superintendente Altair Ferreira, os amigos foram executados porque o "chefão" do grupo suspeitava de alcagüetagem – que eles estariam passando pistas dos crimes para a polícia.
Os investigadores de São José dos Pinhais estavam em busca de um Santana utilizado na prática de crimes. "Paulista" possuiu um veículo clonado desse modelo e suspeitou que Antônio e José – que eram integrantes de uma outra ramificação da quadrilha – o haviam denunciado. Assim, a morte deles foi decretada e a execução ocorreu na casa de Antônio. Os amigos foram mortos com tiros de pistola calibre 380. "Eles traziam drogas de Foz para cá e em troca levavam motocicletas ou outros objetos roubados", contou o superintendente Altair Ferreira. Esse material roubado era arrecadado pela quadrilha presa na noite de anteontem. Os integrantes da quadrilha e a dupla de Foz do Iguaçu se conheceram por meio de uma mulher, Catarina Brito Alves, que também está detida na delegacia de São José dos Pinhais. Na casa dela foi encontrado entorpecente e ela foi autuada por tráfico de drogas.