O desmanche de veículos "estourado" na manhã de ontem, por policiais de São José dos Pinhais, pode ser a ponta de um grande "iceberg" que levará à desarticulação de uma quadrilha envolvida em roubos contra veículos e estabelecimentos. Essa é a expectativa do delegado Osmar Dechiche, diante dos indícios encontrados na oficina situada na Rua Harry Freeken, bairro Afonso Pena. Quatro pessoas foram detidas no local. Celso Alves Justino, 37 anos, proprietário da oficina; Celso Dias Correia, 30; Claudemiro Viajola, 38; Agnaldo Ribeiro, 23; Jeferson Orias, 22, e um adolescente – de 16 – foram presos em flagrante e autuados por receptação, formação de quadrilha e adulteração de sinais identificadores de veículos (com exceção do adolescente que será submetido às sanções legais de acordo com sua idade).
O desmanche foi descoberto graças ao trabalho de vistoria em oficinas e lojas de venda de autopeças, realizado por investigadores de São José dos Pinhais. No local foram localizados pelo menos três carros com alerta de roubo, inclusive uma camioneta Frontier, ano 2005, tomada em assalto ao meio-dia de ontem, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, Parolin. Nesta ocorrência o proprietário da camioneta foi mantido como refém por três horas.
Desmanche
A camioneta foi encontrada na oficina totalmente desmontada e suas peças espalhadas pelo estabelecimento, o que demonstra a agilidade da quadrilha para realizar o desmanche. Ao lado da Frontier desmontada estava estacionada uma outra Frontier, destruída, e que, segundo o superintendente Altair Ferreira, havia sido adquirida por ser um veículo sinistrado. A união das duas camionetas resultaria na regulamentação do veículo sinistrado, que posteriormente seria comercializado. "A carroceria da camioneta nova seria implantada no chassi do veículo sinistrado, montando um carro novo", explicou o superintendente.
Este era apenas um dos golpes aplicados dentro da oficina. No local foi encontrado também um Ford Ka, com alerta de roubo, que já tinha sido pintado de outra cor. O Ka era cinza e foi pintado de lilás. No total 25, carros estavam estacionados na oficina e todos serão periciados para descobrir irregularidades. Conforme o delegado, alguns carros estão com restrição judicial e foram comprados por preços menores e levados para o desmanche. Assim, com o roubo de carros de modelos iguais aos comprados, é possível "fabricar" um veículo novo na oficina, através da sobreposição da carroceria de um sobre o chassi de outro.
O delegado informou que a investigação prossegue com a intenção de descobrir qual a origem dos veículos encontrados na oficina e para onde iriam. "Temos a informação de que os carros esquentados na oficina são repassados a outros receptadores, que os revendem para cidades do interior do Estado e em Santa Catarina", explicou Ferreira.
Ligações com assaltantes
A localização de carros roubados dentro da oficina ligam os individuos detidos em São José dos Pinhais a uma possível quadrilha que pratica assaltos à mão armada. Segundo Osmar Dechiche, foi apurado que antes de tomar em assalto a camioneta Frontier, os ladrões haviam cometido roubo contra uma empresa e, para isso, utilizaram um Vectra, com placa de Santa Catarina. O Vectra também foi localizado dentro da oficina. Diante de tantos indícios, o delegado acredita que os detidos na operação de ontem possam fazer parte de um grande grupo ou conhecer integrantes de quadrilhas envolvidas em roubos de veículos e contra estabelecimentos comerciais.
Sobre o roubo da camioneta, a polícia confirmou que o proprietário – um empresário – foi mantido em poder dos ladrões por cerca de três horas. "Ele foi jogado dentro do porta-malas do Vectra e posteriormente abandonado no Prado Velho (em Curitiba). Ele está bastante abalado, pois foi constantemente ameaçado de morte", explicou Altair Ferreira.
Na casa de Celso Justino, também localizada no bairro Afonso Pena (São José dos Pinhais), os policiais encontraram peças da camioneta desmontada e documentos do empresário assaltado. Celso Justino tem antecedentes por furto de veículo, segundo a polícia. Dentre os presos, Agnaldo Ribeiro foi o responsável por localizar a Frontier que seria roubada; Jeferson e o adolescente também participaram do assalto, enquanto Celso Correia e Claudemiro eram funcionários da oficina onde aconteciam os desmanches.